O paradigma psicossocial no cotidiano de um Centro de Atenção Psicossocial da Grande Florianópolis

Carregando...
Imagem de Miniatura
Data
2021-12-14
Tipo de documento
Artigo Científico
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Área do conhecimento
Ciências Humanas
Modalidade de acesso
Acesso embargado
Editora
Autores
Sampaio, Lanay
Orientador
Lopes, Ana Maria Pereira
Coorientador
Resumo
O movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil consolidou uma série de transformações na assistência em saúde mental no Brasil, tendo como uma de suas maiores conquistas a criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) como um dispositivo substitutivo aos hospitais psiquiátricos. Este, diferentemente das instituições de características asilares, constitui-se como um serviço de saúde aberto e comunitário, de cuidado intensivo, territorializado, personalizado e promotor de vida para pessoas em sofrimento psíquico severo e persistente, realizando o acompanhamento clínico e visando a reinserção social dos usuários. O autor Abílio Costa-Rosa aponta que a reelaboração de ideias a partir da Reforma Psiquiátrica viriam a se contrapor ao hospital psiquiátrico e ao modelo de suas práticas, em direção a um Paradigma Psicossocial capaz de se colocar como substituto ao modo asilar e suas tecnologias operadas pela lógica manicomial. Ambos os paradigmas só são possíveis dentro do campo da saúde mental, sendo um alternativo ao outro, por serem contraditórios, uma vez que a essência de suas práticas encaminha-se em sentidos opostos. Sendo o paradigma Psicossocial um referencial teórico-técnico e ético-político necessário para viabilização dos avanços e para a continuidade da Reforma Psiquiátrica, o presente trabalho objetiva analisar como o paradigma psicossocial se faz presente nas práticas de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Florianópolis. Para o alcance de tal objetivo, foram realizadas entrevistas com os profissionais integrantes da equipe do CAPS-II de Florianópolis, sendo esta pesquisa classificada como exploratória e descritiva, de natureza qualitativa e delineando-se enquanto um estudo de caso. Os dados coletados foram organizados em quatro categorias de análise, tendo como resultados o alcance do Paradigma Psicossocial dentro dos seguintes parâmetros: em relação ao seu ‘objeto’ e ‘meios de trabalho’ através de estratégias de cuidado fundadas na perspectiva da clínica ampliada, e nos desdobramentos que envolvem essa clínica, como a construção de espaços de sociabilidade que promovam a vinculação, a circulação, a convivência e o acolhimento dos usuários e de seus familiares com o serviço; em relação às formas de organização dos dispositivos institucionais, por meio da horizontalização das relações de trabalho e de gestão do serviço, que promovem um deslocamento da racionalidade médico-centrada para a criação coletiva e multiprofissional de estratégias e práticas de trabalho, em conjunto também com os usuários do serviço, que são consonantes com o que seja Psicossocial; em relação às modalidades do relacionamento com os usuários e com a população, através do incentivo à organização dos usuários e promoção de cidadania por meio de ações políticas, de forma a promover o deslocamento subjetivo dos usuários, que se apropriam do direito de decidir por si aquilo que diz respeito a ele, bem como de participar ativamente nas decisões da vida política e do cotidiano do serviço; por fim, nas implicações éticas dos efeitos de suas práticas, a partir do trabalho pautado na construção de cidadania e autonomia dos sujeitos, buscando a singularização O movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil consolidou uma série de transformações na assistência em saúde mental no Brasil, tendo como uma de suas maiores conquistas a criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) como um dispositivo substitutivo aos hospitais psiquiátricos. Este, diferentemente das instituições de características asilares, constitui-se como um serviço de saúde aberto e comunitário, de cuidado intensivo, territorializado, personalizado e promotor de vida para pessoas em sofrimento psíquico severo e persistente, realizando o acompanhamento clínico e visando a reinserção social dos usuários. O autor Abílio Costa-Rosa aponta que a reelaboração de ideias a partir da Reforma Psiquiátrica viriam a se contrapor ao hospital psiquiátrico e ao modelo de suas práticas, em direção a um Paradigma Psicossocial capaz de se colocar como substituto ao modo asilar e suas tecnologias operadas pela lógica manicomial. Ambos os paradigmas só são possíveis dentro do campo da saúde mental, sendo um alternativo ao outro, por serem contraditórios, uma vez que a essência de suas práticas encaminha-se em sentidos opostos. Sendo o paradigma Psicossocial um referencial teórico-técnico e ético-político necessário para viabilização dos avanços e para a continuidade da Reforma Psiquiátrica, o presente trabalho objetiva analisar como o paradigma psicossocial se faz presente nas práticas de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Florianópolis. Para o alcance de tal objetivo, foram realizadas entrevistas com os profissionais integrantes da equipe do CAPS-II de Florianópolis, sendo esta pesquisa classificada como exploratória e descritiva, de natureza qualitativa e delineando-se enquanto um estudo de caso. Os dados coletados foram organizados em quatro categorias de análise, tendo como resultados o alcance do Paradigma Psicossocial dentro dos seguintes parâmetros: em relação ao seu ‘objeto’ e ‘meios de trabalho’ através de estratégias de cuidado fundadas na perspectiva da clínica ampliada, e nos desdobramentos que envolvem essa clínica, como a construção de espaços de sociabilidade que promovam a vinculação, a circulação, a convivência e o acolhimento dos usuários e de seus familiares com o serviço; em relação às formas de organização dos dispositivos institucionais, por meio da horizontalização das relações de trabalho e de gestão do serviço, que promovem um deslocamento da racionalidade médico-centrada para a criação coletiva e multiprofissional de estratégias e práticas de trabalho, em conjunto também com os usuários do serviço, que são consonantes com o que seja Psicossocial; em relação às modalidades do relacionamento com os usuários e com a população, através do incentivo à organização dos usuários e promoção de cidadania por meio de ações políticas, de forma a promover o deslocamento subjetivo dos usuários, que se apropriam do direito de decidir por si aquilo que diz respeito a ele, bem como de participar ativamente nas decisões da vida política e do cotidiano do serviço; por fim, nas implicações éticas dos efeitos de suas práticas, a partir do trabalho pautado na construção de cidadania e autonomia dos sujeitos, buscando a singularização O movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil consolidou uma série de transformações na assistência em saúde mental no Brasil, tendo como uma de suas maiores conquistas a criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) como um dispositivo substitutivo aos hospitais psiquiátricos. Este, diferentemente das instituições de características asilares, constitui-se como um serviço de saúde aberto e comunitário, de cuidado intensivo, territorializado, personalizado e promotor de vida para pessoas em sofrimento psíquico severo e persistente, realizando o acompanhamento clínico e visando a reinserção social dos usuários. O autor Abílio Costa-Rosa aponta que a reelaboração de ideias a partir da Reforma Psiquiátrica viriam a se contrapor ao hospital psiquiátrico e ao modelo de suas práticas, em direção a um Paradigma Psicossocial capaz de se colocar como substituto ao modo asilar e suas tecnologias operadas pela lógica manicomial. Ambos os paradigmas só são possíveis dentro do campo da saúde mental, sendo um alternativo ao outro, por serem contraditórios, uma vez que a essência de suas práticas encaminha-se em sentidos opostos. Sendo o paradigma Psicossocial um referencial teórico-técnico e ético-político necessário para viabilização dos avanços e para a continuidade da Reforma Psiquiátrica, o presente trabalho objetiva analisar como o paradigma psicossocial se faz presente nas práticas de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Florianópolis. Para o alcance de tal objetivo, foram realizadas entrevistas com os profissionais integrantes da equipe do CAPS-II de Florianópolis, sendo esta pesquisa classificada como exploratória e descritiva, de natureza qualitativa e delineando-se enquanto um estudo de caso. Os dados coletados foram organizados em quatro categorias de análise, tendo como resultados o alcance do Paradigma Psicossocial dentro dos seguintes parâmetros: em relação ao seu ‘objeto’ e ‘meios de trabalho’ através de estratégias de cuidado fundadas na perspectiva da clínica ampliada, e nos desdobramentos que envolvem essa clínica, como a construção de espaços de sociabilidade que promovam a vinculação, a circulação, a convivência e o acolhimento dos usuários e de seus familiares com o serviço; em relação às formas de organização dos dispositivos institucionais, por meio da horizontalização das relações de trabalho e de gestão do serviço, que promovem um deslocamento da racionalidade médico-centrada para a criação coletiva e multiprofissional de estratégias e práticas de trabalho, em conjunto também com os usuários do serviço, que são consonantes com o que seja Psicossocial; em relação às modalidades do relacionamento com os usuários e com a população, através do incentivo à organização dos usuários e promoção de cidadania por meio de ações políticas, de forma a promover o deslocamento subjetivo dos usuários, que se apropriam do direito de decidir por si aquilo que diz respeito a ele, bem como de participar ativamente nas decisões da vida política e do cotidiano do serviço; por fim, nas implicações éticas dos efeitos de suas práticas, a partir do trabalho pautado na construção de cidadania e autonomia dos sujeitos, buscando a singularização e a a interlocução dos usuários com o território. Tais ações dentro da ética do Paradigma Psicossocial tem efeitos que esbarram em todos os aspectos não só do serviço, mas na vida dos usuários, de sua rede de apoio e do território como um todo, que articulados às práticas citadas na presente pesquisa, mudam substancialmente suas formas de relação com o serviço de saúde mental.

Palavras-chave
Reforma psiquiátrica, CAPS, Paradigma psicossocial
Citação
Coleções