Programa de Pós-Graduação em Educação

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Masculinidade em flor: concepções de gênero e sexualidade a partir de práticas pedagógicas no ensino médio
(2024-04) HENRIQUE, Eduardo dos Santos
Quais concepções de masculinidade podem ser (re)conhecidas em interações que ocorrem em sala de aula, a partir de práticas pedagógicas no Ensino Médio? Compreendendo o homem como um sujeito de gênero, esta dissertação analisa questões relacionadas às masculinidades contemporâneas, incluindo os conhecimentos gerados em torno de violências e resistências relacionadas a gênero e sexualidade. O objetivo geral desta pesquisa é compreender, a partir de práticas pedagógicas, as concepções dos estudantes em relação à masculinidade hegemônica socioculturalmente constituída na contemporaneidade. A investigação está inserida no contexto das teorias de gênero, particularmente sob perspectivas pós-coloniais. A masculinidade hegemônica é entendida como um modelo que valoriza características como força, agressividade e dominação, perpetuando uma cultura de violência e opressão não apenas em relação às mulheres, mas também em relação a outros homens que não se enquadram nesse padrão. A investigação empírica utiliza o método da pesquisa-ação para instrumentalizar teoricamente os participantes em cinco práticas pedagógicas realizadas em aulas de língua portuguesa com cinco turmas de 2ª série do Ensino Médio em uma escola pública estadual, no município de Tubarão, Santa Catarina. As discussões têm como foco gênero e sexualidade humana, possibilitando o enfrentamento aos desafios antidemocráticos que assombram as salas de aula. O pensamento crítico decolonial é utilizado como base teórica. A análise dos dados coletados segue a metodologia interseccional, na qual foram mobilizados os seguintes marcadores da diferença: gênero, sexualidade/orientação sexual, raça e classe social. Os resultados indicam uma tendência de superação de uma visão biologicista do assunto. A pesquisa também sugere uma geração mais receptiva à aceitação, respeito e inclusão de diversas formas de expressão de gênero e sexualidade.
Linguagem Oral e Escrita na Educação Infantil: Orientações Curriculares e Concepções de Professoras da Rede Municipal de Ensino de Biguaçu
(2022-04) KOERICH, Marina
Esta pesquisa, desenvolvida em nível de mestrado, teve como objetivo analisar as concepções de professoras quanto à linguagem oral e escrita na Educação Infantil e como essa linguagem está contemplada nas orientações curriculares para Educação Infantil da rede municipal de ensino de Biguaçu, município localizado no estado de Santa Catarina, sul do Brasil. Através de um panorama da trajetória histórica e política da Educação Infantil no Brasil, foram sistematizados conceitos que sustentam o arcabouço teórico utilizado que, por sua vez, são fundamentais à compreensão do processo de humanização das crianças. A pesquisa teve como aporte os estudos da Teoria Histórico-Cultural, a quem destaca-se Lev Semionovitch Vygotsky (1896-1934), vertente teórica constitutiva e constituinte de fundamentos basilares para a compreensão do desenvolvimento infantil, norte necessário para refletir sobre o processo de apropriação da linguagem oral e escrita através das máximas de desenvolvimento humano das crianças no contexto da Educação Infantil. Metodologicamente, a pesquisa inscreve-se em uma abordagem qualitativa que pretendeu compreender o objeto pesquisado – a linguagem oral e escrita nas orientações curriculares da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Biguaçu e as concepções de professoras dessa etapa educacional acerca da temática por meio de análise documental e entrevista semiestruturada. À luz dos dados gerados, constatou-se que as normativas curriculares apresentam concepções prescritas sobre as múltiplas linguagens embasadas por uma concepção Histórico-Cultural e na definição da linguagem enquanto signo fundamental no processo de desenvolvimento da criança. Pela voz das professoras, evidenciou-se que reverbera no bojo de suas práticas ações que abarcam a linguagem oral e escrita, as relacionando ao desenvolvimento infantil e às máximas possibilidades de desenvolvimento e humanização das crianças, compreendendo os estágios de desenvolvimento infantil e a pré-história da linguagem escrita das crianças como norteadores dos seus planejamentos. Além disso, destacou-se, no depoimento das professoras, a defesa da ludicidade e das brincadeiras como sendo a essência do trabalho educativo e pedagógico por elas desenvolvido, dando enfoque ao protagonismo da criança e a atenção com a não antecipação do ensino sistematizado da linguagem escrita, enaltecendo atividades como roda de conversa, música, contação de histórias e situações sociais como fios condutores das suas práticas acerca da linguagem oral e escrita.
Professores de artes visuais diante da prática polivalente no ensino fundamental II, nas escolas estaduais de Capivari de Baixo/SC
(2024-03) SANTOS, Grasiela Cardoso Cechinel dos
A presente pesquisa faz parte da área da educação, na linha de história, política e educação, sobre a temática do ensino de arte, em especial sobre a atuação de professores de Artes Visuais diante da prática da polivalência na Educação Básica. Versa sobre a seguinte problemática: qual o impacto da prática da polivalência dos professores de Artes Visuais no ensino fundamental II da Educação Básica, nas escolas estaduais de Capivari de Baixo/SC? Para responder a tal questão, o objetivo geral do estudo é analisar os impactos da prática da polivalência dos professores de Artes Visuais no ensino fundamental II da Educação Básica, nas escolas estaduais de Capivari de Baixo/SC. Os objetivos específicos da presente pesquisa abordam as seguintes premissas: a) identificar a origem e os interesses da existência da polivalência docente no ensino de artes no Brasil. b) investigar os desafios enfrentados pelos professores de Artes Visuais diante do exercício rotineiro da polivalência, considerando a diversidade de conteúdos e linguagens artísticas presentes no contexto educacional; c) caracterizar e levantar as consequências da prática polivalente no ensino de Artes Visuais, diante do exercício docente para a formação dos estudantes no ensino fundamental II; d) reconhecer as perspectivas da continuidade ou não da polivalência sob o enfoque da Lei 13.278/16; e) identificar a atuação do professor de Artes Visuais, diante dos interesses políticos e econômicos neoliberais presentes nas políticas públicas para educação. Como aporte teórico foram utilizados os seguintes autores/pesquisadores: Barbosa (2012, 2014, 2015), Barbosa e Cunha (2010), Iavelberg (2017, 2018), Libâneo (2011, 2016) e Saviani (2008, 2021). Como aporte teórico buscou-se aspectos relevantes da História da Educação e da História do Ensino de Artes Visuais no Brasil; como também, o ensino de Arte na Educação Básica, investigando os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a BNC - Formação e a Arte no Currículo Base do Estado de Santa Catarina; e a formação inicial dos professores de Artes Visuais a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais. Após a inclusão desses debates, a metodologia da pesquisa utilizada será exploratória, com fim explicativo e abordagem qualitativa. Como instrumento de pesquisa, será aplicada uma entrevista com quatro professores que lecionam no Ensino Fundamental II e que atuam na rede estadual de ensino no município de Capivari de Baixo/SC, na disciplina de Artes Visuais. Tal entrevista será semiestruturada para analisar as opiniões dos professores em relação ao tema. A análise de dados seguirá os estudos de Bardin (2020), utilizando a análise de conteúdo para criar as categorias de análise. A pesquisa será descritiva e interpretativa, possibilitando compreensão do fenômeno estudado, propondo comparações, discussões e reflexões diante da continuidade da prática da polivalência no ambiente escolar nas aulas de Arte.
Assistente técnico-pedagógico (pedagogo) na escola pública catarinense: significados e sentidos da profissão.
(2024-03) FILIPPI, Eliane
A presente pesquisa faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Sul de Santa Catarina dentro da Linha de Pesquisa Educação, História e Política, sob a temática da formação inicial do Pedagogo, especificamente sobre as finalidades desse profissional na função de Assistente Técnico Pedagógico (ATP). O objetivo central foi compreender as finalidades do cargo de Assistente Técnico Pedagógico (pedagogo) das escolas da rede pública estadual de Santa Catarina - SC. Os objetivos específicos estabelecidos foram: 1) identificar os condicionantes sócio históricos das políticas educacionais de Santa Catarina no cargo de ATP (pedagogo); 2) refletir sobre relações da educação com o processo de globalização neoliberal estabelecidas a partir dos anos 1990 e a criação do cargo do ATP; 3) conhecer aspectos legais da história de formação de pedagogos no Brasil e a influência no percurso do ATP; 4) Problematizar as finalidades da existência do cargo, identificando os sentidos e os significados do profissional do ATP (pedagogo) escolar. O estudo parte da hipótese de que o cargo de ATP (pedagogo) apresenta indefinições quanto à natureza, as finalidades e as atribuições específicas determinadas na Lei Complementar Nº 668, de 2015 (Santa Catarina, 2015a). Como problema da pesquisa, buscou responder: Quais as finalidades do cargo de ATP (pedagogo), que compõe o quadro de Apoio Técnico nas escolas da rede pública estadual de Santa Catarina? Autores que ajudaram a elucidar o contexto pesquisado foram: Libâneo (2007; 2010; 2021; 2022); Saviani (1999; 2007; 2008; 2011; 2020); Gatti et al. (2019); Pinto (2006); Pimenta (2021); Pimenta, Pinto e Severo (2022); Cury (1986); Frigotto (1997; 2009); Cunha, Sousa e Silva (2023); e Evangelista (2014). A pesquisa realizada é de natureza qualitativa, sendo também exploratória, com estudo documental, descritivo e interpretativo. Foram utilizadas entrevistas com 8 (oito) servidores (ativos/inativos/desligados) da Secretaria da Educação (SED) do Estado de Santa Catarina para a coleta de dados. O materialismo dialético foi o caminho para analisar os dados desta pesquisa. As categorias encontradas foram as seguintes: a) finalidades/atribuições do cargo de ATP (pedagogo) escolar em Santa Catarina; b) a formação inicial e continuada do pedagogo escolar no Brasil e Santa Catarina; e c) sentidos e significados do profissional ATP (pedagogo) escolar em Santa Catarina. Os resultados permitem identificar mais de um posicionamento acerca das finalidades da existência do referido cargo. Observaram-se marcas de um sistema educacional pensado na intenção de adequação aos princípios organizativos da economia global capitalista.
ENTRE GRITOS E SILÊNCIOS: UMA ANÁLISE SOBRE A EFETIVIDADE DA LEI 10.639/2003 EM DIÁLOGOS COM A TEORIA DECOLONIAL
(2024-02) RODRIGUES, Aracilba Aparecida Serafim
A dissertação tem como tema principal a efetivação da Lei 10.639/2003 nas salas de aulas de uma escola da rede estadual de ensino no município de Tubarão, Santa Catarina. O objeto de pesquisa assenta-se no estudo dos mecanismos que geram limitações à efetividade da referida legislação. A problemática levantada aponta para a existência de limitações na efetividade da lei por consequência do processo colonial moderno que acabou por fomentar a colonialidade do poder, do saber e do ser. O objetivo geral da pesquisa é analisar a efetividade da Lei 10.639/2003 em diálogo com as discussões decoloniais sobre sua implementação na escola pública. Nos objetivos específicos apontamos: Conhecer pesquisas que abordam a efetividade da Lei 10.639/2003 no Brasil; compreender o cotidiano escolar quando estão em pauta discussões que tematizam a Lei 10.639/2003 e como os educandos a percebem nesse contexto; refletir, com base na teoria decolonial, sobre o racismo colonialista, a colonialidade do saber e do ser e como eles operam nas salas de aula (de)formando identidades e limitando a efetivação da Lei 10.639/2003. A pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa (Gerhardt;Silveira, 2009; Gomes, 2014; Triviños, 1987) e os procedimentos adotados foram a pesquisa-ação (Baldissera, 2001; Günther, 2006; Tripp, 2005), através de Grupo Focal (Gatti, 2005), com alunos do 3° ano do Ensino Médio autodeclarados negros. Durante a realização dos quatro encontros, os participantes conversaram sobre os temas que perpassam a valorização da história e cultura africana e afro-brasileira, a fim de que pudéssemos averiguar a efetivação da lei e a percepção dos educandos sobre ela. O referencial teórico se pautou nas chamadas epistemologias decoloniais (Dussel, 1993; Fanon, 2008; Quijano, 2005; 2010; 2014; Maldonado-Torres, 2007; Mignolo, 2003; 2005; 2017) e nas teorias da educação para as relações étnico-raciais (Cavalleiro, 2012; Coelho, 2007; 2010; Gomes, 2005; 2012; 2019a; Munanga 1996; 2004, Rosemberg, 2011). A pesquisa demonstrou limitações na efetividade da Lei 10.639/2003, fruto da colonialidade do poder, do saber e do ser que contribuiu para internalização da crença na Europa como único centro irradiador de cultura, subestimando e invisibilizando todos os outros saberes.
A VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR DO ENSINO MÉDIO NO CONTEXTO DO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2014-2024): AVANÇOS E DESAFIOS EM REDES ESTADUAIS DE ENSINO
(2024-02) BORGES, M.E.M
O presente estudo está articulado à linha de pesquisa Educação, História e Política, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e ao Grupo de Estudos e Pesquisas Sobre o Ensino Médio (GREPEM). Estabeleceu-se como objetivo geral analisar os avanços e desafios relacionados à valorização docente no Ensino Médio em Santa Catarina e no Rio Grande Norte, considerando os contextos histórico, político e educacional brasileiro. Buscou-se analisar, de forma crítica, aspectos relacionados à formação e às condições de trabalho docente pautadas nas categorias do método crítico-dialético, com ênfase na totalidade, historicidade e contradição. Duas categorias de conteúdo emergiram da análise dos dados: formação docente no Ensino Médio e condições de trabalho dos professores. A análise realizada aponta avanços educacionais tímidos e, ao mesmo tempo, que muitos são os desafios enfrentados por ambos os estados para superar a desvalorização docente no contexto do Ensino Médio, ofertado nas escolas das redes estaduais de ensino. Com relação à formação inicial, na análise do indicador “Adequação da Formação Docente”, os dados expuseram um significativo número de pessoas “lecionando” sem adequada formação ou com licenciatura, mas não na disciplina que lecionam, e evidenciam o distanciamento do preconizado na meta 15 do PNE. No contexto da Formação Continuada, destacam-se avanços obtidos pelos estados pesquisados para o alcance da meta 16, já que percentuais maiores de professores obtiveram acesso à especialização. Por outro lado, ressalta-se o desafio de ampliar as taxas de mestres e doutores. No contexto das metas 17 e 18 do PNE, ficaram evidentes as precárias condições de trabalho, expressas na manutenção de percentuais altíssimos de professores com contratos temporários e com uma jornada de trabalho intensa e extensa. Ao problematizar o indicador Esforço Docente, constatou-se que os professores do Ensino Médio das escolas estaduais lecionam em mais de uma escola, em três turnos, em mais de uma etapa da Educação Básica e têm muitos alunos. Conclui-se, com base nos resultados das análises dos dados, que Santa Catarina e Rio Grande do Norte têm grandes desafios relacionados à formação, carreira e condições de trabalho docente e que foram negligentes em garantir o Ensino Médio com qualidade social. Tal realidade distancia os dois estados da federação de se alinhar ao direito à educação de qualidade socialmente referenciada.
Documentação pedagógica e educação na perspectiva intercultural: (desa)fios no contexto da educação infantil
(2023-11) VITORETI, Jéssica Beluco
A presente pesquisa se insere na Linha Relações Culturais e Históricas da Educação, e tem por foco investigar as possibilidades de entrelaçamentos entre a documentação pedagógica e a promoção de uma educação intercultural a partir de uma experiência formativa com professoras da Educação Infantil. Em termos metodológicos, pauta-se em uma perspectiva qualitativa, articulando o conhecimento empírico e o conhecimento teórico. Propõe-se, ainda, o método como desvio (Benjamin, 1986). O percurso metodológico caracterizou-se em uma experiência formativa realizada em um Centro de Educação Infantil do município de Tubarão - Santa Catarina. Os sujeitos da pesquisa foram seis professoras que atuam na Educação Infantil com crianças com background migratório (Silva, 2021) matriculadas em suas turmas de atuação. A pesquisa aconteceu ao longo de oito encontros realizados no período de setembro a dezembro de 2022. As temáticas dos encontros perpassavam pela documentação pedagógica e pela educação intercultural, oportunizando um tempo e espaço para que as professoras pudessem narrar sobre suas práticas educativas junto às crianças com background migratório. A observação, a escuta atenta, o registro – escrito, fotográfico, audiovisual – foram instrumentos de pesquisa. As análises estão pautadas na interlocução com diferentes autores, como Benjamin (1986), Kohan (2009), Kuhlmann e Fernandes (2012), Walsh, Oliveira e Candau (2018), Silva (2021), Pandini-Simiano (2014, 2015), Mello, Barbosa e Faria (2017), Ostetto (2008), entre outros. Como resultado, destaca-se a importância do gesto de documentar para a abertura, construção de um olhar sensível e escuta atenta nas relações estabelecidas entre crianças com background migratório e adultos no cotidiano educativo. No início da experiência formativa as professoras manifestaram vários desafios da educação intercultural, entre eles a barreira com a língua, como uma interferência negativa no acolhimento, comunicação e relação com as crianças e as famílias. A experiência formativa pela via da documentação pedagógica levou as professoras a se colocarem em um lugar do não saber, errante, capaz de estranhamento e acolhimento. No gesto de documentar, no encontro com o outro, não dominar a língua pode ser ressignificado. Mais que barreira, pode ser visto como um caminho de interações, descobertas e aprendizagem recíproca, permitindo o alargamento de fronteiras. A experiência formativa com professoras, construída pela via do percurso de documentar, possibilita questionar pressupostos naturalizados na prática pedagógica, realizando deslocamentos importantes, capazes de produzir efeitos constitutivos de um acolhimento inclusivo, contribuindo para a promoção de uma educação intercultural na Educação Infantil.
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA E DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ENCONTRO COM NARRATIVAS DA EXPERIÊNCIA EDUCATIVA
(2024-02) SERAFIM-BRAGA, Joyce G Nunes
A presente pesquisa, vinculada à Linha Relações Históricas e Culturais na Educação, tem por tema a Educação Infantil e a Documentação Pedagógica. Por foco busca analisar o que narram as documentações pedagógicas sobre infância, criança e docência a partir das fontes documentais que compõem o Centro de Pesquisa e Documentação Pedagógica da UNISUL, localizado no Repositório Universitário da Ânima (RUNA). As documentações que compõem o material empírico foram construídas por professoras que atuam na Educação Infantil, junto à rede pública de municípios da região da AMUREL e acadêmicos do Curso de Pedagogia entre os anos de 2019 a 2022. A pesquisa foi desenvolvida em uma perspectiva qualitativa, a partir dos pressupostos da pesquisa documental (Lakatos; Marconi, 2001). A investigação parte do estudo de documentos, neste caso as documentações pedagógicas, que serão analisadas com base na técnica de análises de conteúdo (Bardin, 2016). Na análise, apostou-se no diálogo entre diferentes autores, como, por exemplo, Benjamin (1984), Larrosa (2002, 2016), Lisboa (2019), Malaguzzi (1999, 2016), Ostetto (2006, 2010, 2011), Pandini-Simiano (2015), entre outros. Como resultado, destaca-se a importância de observar, registrar, interpretar, narrar, documentar no contexto da Educação Infantil. A documentação pedagógica oferece uma narrativa da experiência educativa desses espaços. No Centro de Pesquisa e Documentação Pedagógica da UNISUL, encontraram-se diferentes formas de documentações, como: livros, vídeos, painéis, documentações tridimensionais, entre outros. Tais materialidades desvelam uma imagem de infância enquanto potência que necessita ser vivida com toda sua intensidade. A criança é narrada como sujeito, protagonista, curiosa, exploradora, que se encanta com elementos da natureza e que é leitora e produtora de histórias. O exercício de uma docência que escuta as crianças possibilitou às professoras refletirem, repensarem suas práticas e planejarem um espaço potencialmente rico em experiência para a criança. No gesto de documentar o professor se constitui como narrador das experiências no contexto educativo. Sendo o Centro de Pesquisa e Documentação Pedagógica um local que acolhe, reúne e preserva as documentações produzidas nas instituições educativas, esse espaço contribui significativamente para a compreensão da história e memória. Tais memórias narram a existência de uma experiência coletiva, que pode ser transmitida às crianças, professores, famílias e comunidade. No presente estudo, docência, documentação pedagógica e o Centros de Pesquisa e Documentação Pedagógica, quando inter-relacionados, podem constribuir para a construção de uma cultura da infância.
Superando Obstáculos: a tecnologia digital da informação e comunicação na prática pedagógica do professor
(2023-12) OLIVEIRA , Eliane Damian De Bona de
As constantes transformações, principalmente a tecnológica, exigem do educador um repensar do processo ensino-aprendizagem e o uso das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) no ambiente escolar. O objetivo norteador desta pesquisa é analisar a superação dos obstáculos epistemológicos, didáticos e estruturais no uso das tecnologias digitais da informação e comunicação na prática docente. Imersa no contexto escolar, a pesquisa propõe-se a olhar para o conhecimento dos docentes em TDIC na prática pedagógica e a superação dos obstáculos que impedem seu uso. A abordagem da pesquisa é qualitativa, caracterizando-se como estudo de caso sendo os sujeitos da pesquisa professores da Escola de Educação Básica São Ludgero, situada no município de São Ludgero, estado de Santa Catarina. Entende-se serem os cursos de formação continuada vigorosos na superação dos obstáculos, assim, a Revisão Sistemática foi empreendida com a finalidade de investigar cursos de formação continuada voltados para a inclusão da TDIC na prática docente. Os instrumentos utilizados na coleta de dados primários foram o questionário e a entrevista docente. A análise dos dados está alicerçada na noção de obstáculo epistemológico proposta por Gaston Bachelard. Definiram-se 6 categorias de análise: obstáculo epistemológico, obstáculo didático, obstáculo estrutural, motivação dos professores, conhecimento em TDIC e formação continuada. Os indícios apresentados apontam para professores que enfrentam diariamente obstáculos estruturais, epistemológicos e didáticos não superados. No que se refere ao conhecimento epistemológico e didático em TDIC na prática docente observa-se uma maturidade desigual entre os professores, fragilidades na desenvoltura de sua prática pedagógica e até de sua percepção frente ao aluno. A insegurança perdura na maioria dos casos e a prática pedagógica do ensino é delicada, com carência de espaços de reflexão e também de formação. Os obstáculos estruturais, coadjuvantes do obstáculo didático estão presentes nos relatos, sua superação deve ser pautada pela obrigação do poder público no atendimento às necessidades de cada escola, na sua singularidade, planejamento e investimentos adequados levando em conta a cultura, o espaço, as demandas de professores e alunos. Os professores entendem a importância da formação continuada, mas expressam a carência e a limitação de conhecimentos desenvolvidos nestes momentos pedagógicos. Recomenda-se um olhar inclusivo sobre o professor na formalização de cursos de formação continuada em que se considere: o espaço da escola, da infraestrutura existente, do conhecimento dos professores (TDIC e TDIC no contexto pedagógico); reconhecimento dos atores que fazem parte do espaço escolar enquanto motivação, obstáculos e conhecimentos em TDIC na prática educativa; construção de um processo formativo que permita a atuação democrática do professor no acesso e uso da TDIC em sua prática de forma crítica e reflexiva fundada em conhecimentos epistemológicos e pedagógicos sólidos; e manutenção de elos de formação, acolhimento de dúvidas docentes como uma prática permanente de troca de experiências.
A valorização dos professores no contexto do novo ensino médio nos estados de Santa Catarina e Ceará: limites persistentes
(2024-02) FRANCISCO, Naira Larroyd
A presente pesquisa materializa-se a partir das inquietações surgidas dos desafios da profissão docente frente à implantação do Novo Ensino Médio, no ano de 2020. A aprovação da Lei n° 13.415/2017 estabelece as novas diretrizes com relação à reforma da última etapa da Educação Básica, o Ensino Médio, implementadas em escolas piloto, a partir do ano de 2020 e em todas as escolas no ano de 2022. Com discurso de flexibilização, a referida lei impacta diretamente a organização curricular e, consequentemente, o trabalho docente dos professores que atuam nesta etapa. O objetivo proposto é compreender os desafios e limites à formação e às condições de trabalho docente, diante da implantação do Novo Ensino Médio, sob a perspectiva da valorização de professores presente no Plano Nacional de Educação (2014). Com vistas a compreender os desdobramentos do contexto recente, no qual o Ensino Médio se apresenta como palco de disputas, propõe-se a análise de dados quantitativos, tendo como fonte o Censo Escolar 2013-2022, ao considerar-se os professores do Ensino Médio Estadual dos estados do Ceará e Santa Catarina. A pesquisa suscita uma abordagem Dialética, pois, ao problematizar a valorização dos professores no Novo Ensino Médio, considera aspectos mais amplos no cenário educacional brasileiro. A natureza do objeto de pesquisa sugere uma imersão nos textos e contextos relacionados ao Novo Ensino Médio. Para tal, faz-se necessário um resgate histórico das reformas e políticas públicas das últimas décadas, no Brasil, com objetivo de compreender a atual conjuntura educacional. A partir dos pressupostos apresentados, foi possível estabelecer relações entre os dados analisados e as Metas 15, 16, 17 e 18 do PNE, relacionadas às dimensões envolvidas na valorização do professor, tais como: formação inicial e continuada, remuneração, carreira e condições de trabalho. Para aprofundar e enriquecer a discussão proposta, foram elencados teóricos educacionais, a fim de que proporcionasse uma análise qualitativa dos elementos envolvidos neste cenário. Por meio da análise do Indicador Educacional Adequação da Formação Docente foram tecidas considerações às políticas públicas com relação à formação inicial e continuada dos professores do Ensino Médio Estadual. Constatou-se que há inadequação docente nos estados analisados, o que constitui um grande desafio à conquista de uma educação de qualidade. No que se refere à formação continuada, os números tímidos com relação a professores mestres e doutores mostram que ainda são necessárias ações mais concretas para que haja crescimento na qualificação profissional docente. Com relação às condições de trabalho, verifica-se que há uma grande quantidade de professores admitidos em caráter temporário, o que gera instabilidade e insegurança para a profissão, e mostra a necessidade de investimentos em concursos públicos. Quanto ao esforço docente, é possível observar um crescente movimento de extensão e intensificação da jornada de trabalho, o que evidencia a desvalorização dos professores. E, por fim, no que se refere às condições infraestruturais das escolas de Ensino Médio, percebe-se um cenário de falta de materiais e instalações adequadas para a garantia de um acesso igualitário ao ensino, assim como para assegurar um processo de ensino e aprendizagem de qualidade. Os aportes teóricos possibilitam a compreensão de que a melhora neste cenário passa, necessariamente, pela priorização do PNE e pela instituição de um Sistema Nacional de Educação.
PENSAMENTO CONCEITUAL EM NÍVEL EMPÍRICO E TEÓRICO: FRAGILIDADES E POSSIBILIDADES EXPRESSAS POR ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO NA DISCIPLINA DE MATEMÁTICA
(2024-02) NIERO, Ágatha de Souza
A máxima davidoviana de que o pensamento empírico obstaculiza o desenvolvimento do pensamento teórico tem gerado debate nos eventos acadêmicos de que participamos, tanto no âmbito estadual quanto nacional. Há colegas que discordam dessa interpretação e defendem que o pensamento empírico é base para o desenvolvimento do pensamento teórico. Nossa hipótese de pesquisa, com base nos estudos da obra davidoviana, é que a origem das fragilidades expressas pelos estudantes do Ensino Médio na disciplina de Matemática decorre da aprendizagem conceitual que limita o desenvolvimento do pensamento em nível empírico. O movimento de investigação a fim de confirmar ou refutar a hipótese de pesquisa foi desencadeado pelo seguinte problema: qual a gênese das fragilidades e/ou possibilidades expressas por estudantes matriculados no Ensino Médio de uma escola da rede estadual de educação catarinense em relação aos conceitos matemáticos? Dessa forma, buscamos investigar a gênese das manifestações de fragilidades e possibilidades de superação por meio da organização do ensino, oriundas do desenvolvimento de estudantes matriculados nos três últimos anos da Educação Básica brasileira. A apreensão dos dados ocorreu durante as aulas de Matemática ministradas pela própria pesquisadora, na condição de professora dessa disciplina. A pesquisa foi realizada com estudantes de três turmas de 1ª a 3ª série do Ensino Médio, matriculados no período matutino e noturno de uma escola da rede estadual de ensino catarinense, situada na zona urbana de um município do extremo sul de Santa Catarina. Os dados foram captados com base nas manifestações orais e escrita dos colaboradores da pesquisa, que aconteceu ao longo dos meses de agosto a dezembro de 2022 e de julho a agosto de 2023, por meio de áudios e fotografias: fotografias dos erros cometidos e áudios com a explicação do pensamento percorrido pelos estudantes. Ao longo da pesquisa, constatamos que a gênese das fragilidades está na não apropriação, por parte dos participantes do estudo, de um dos conceitos basilares da Matemática, o de número. Os resultados indicam que os referidos estudantes não se apropriaram do significado do conceito de número tanto em nível empírico quanto teórico. O nível empírico resulta do conteúdo e do método no qual o ensino de Matemática está organizado. Com isso, nossa hipótese inicial de pesquisa, de que o pensamento empírico obstaculiza o pensamento teórico, não pode ser confirmada ou refutada, pois não encontramos evidências que comprovassem sequer o desenvolvimento do pensamento empírico sistematizado, tal como preconiza a lógica formal tradicional. Tais resultados indicam a necessidade de transformação e superação do modo de organização do ensino de Matemática vigente por proposições que mobilizem crianças e adolescentes a estudarem, aprenderem e de fato desenvolverem o pensamento conceitual. Uma das possibilidades de superação consiste em repensarmos o ensino que potencializa a formação do pensamento conceitual em nível teórico como defende os fundamentos da Atividade Orientadora de Ensino.
Pandemia da Covid-19: Trabalho da Gestão Escolar Pedagógica no Ensino Médio
(2024-02) Mariléia João de Sousa Duarte, Duarte, Mariléia João de Sousa
A presente pesquisa faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Sul de Santa Catarina, dentro da Linha de Pesquisa Educação, História e Política. O objetivo central deste estudo foi compreender o impacto que a pandemia da Covid-19 trouxe para o trabalho da Gestão Escolar Pedagógica que atua junto ao Ensino Médio da Educação Básica brasileira. Para alcançar o objetivo geral, foram traçados os seguintes objetivos específicos: a) levantar aspectos históricos do Ensino Médio no Brasil e das características do estudante; b) compreender os desafios que a pandemia da Covid-19 trouxe para o cenário educacional brasileiro nos aspectos do direito à educação; c) mapear os estudos realizados sobre a pandemia da Covid-19 frente ao trabalho da Gestão Escolar Pedagógica; e d) diagnosticar as práticas/estratégias desenvolvidas pela Gestão Escolar Pedagógica no contexto da pandemia da Covid-19 para auxiliar o processo de ensino e aprendizagem remoto junto aos professores do Ensino Médio.
A flexibilização curricular e o direito à educação em Santa Catarina no contexto da lei nº 13.415/2017: formação humana integral protelada.
(2023-12) MATIOLLA, Carla Gonçalves Pereira
O presente estudo está articulado à linha de pesquisa Educação, História e Política, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e ao Grupo de Estudos e Pesquisas Sobre o Ensino Médio (GREPEM). O problema desencadeador desta pesquisa é o interesse em analisar se a organização curricular proposta pela Lei 13.415/2017 garante o direito dos jovens de terem acesso aos conhecimentos historicamente produzidos e se proporciona uma formação humana integral. Para responder ao problema de pesquisa, estabelecemos como objetivo geral: analisar os limites e perspectivas da flexibilização curricular do Novo Ensino Médio no que se refere à garantia dos direitos dos jovens a terem acesso aos conhecimentos historicamente produzidos e à formação humana integral. A base teórica utilizada está pautada nas contribuições de pesquisadores brasileiros, com destaque a Dermeval Saviani e a Gaudêncio Frigotto. Como método, utilizamos a abordagem teórico metodológica crítico-dialética a partir das categorias metodológicas da totalidade, historicidade e contradição. As categorias de conteúdo que emergiram dos dados da pesquisa foram: precarização das condições de oferta da formação geral básica; a flexibilização e o esvaziamento curricular; protelação da formação humana integral e expectativas amplas. Os procedimentos metodológicos utilizados foram: análise documental, entrevista em grupo e entrevista semiestruturada. A pesquisa empírica foi dividida em duas etapas: a primeira etapa consistiu em realizar a entrevista em grupo com os alunos do Novo Ensino Médio com a finalidade de identificar, por meio de questões objetivas, o perfil dos sujeitos, aspectos do acesso e permanência, condições de oferta e elementos da formação ofertada. Já na segunda etapa da empiria, foram entrevistados, via entrevista semiestruturada, os alunos que manifestaram, na primeira etapa da coleta de dados, interesse em conceder a entrevista e que se relacionaram com os objetivos da pesquisa. Os sujeitos da pesquisa foram os estudantes das 2ª séries do Novo Ensino Médio de duas escolas estaduais que aderiram ao Programa de Apoio ao Novo Ensino Médio, no município de Laguna. Com base nos resultados das análises dos dados, concluímos que a atual reforma do Ensino Médio protela a formação humana integral dos jovens quando fragiliza o conceito de Educação Básica e nega o acesso aos conhecimentos historicamente produzidos. Constatamos que somente a centralidade dos conhecimentos científicos, artísticos, culturais e filosóficos em articulação com o trabalho integrado dos professores, possibilitará aos estudantes do Ensino Médio ampliarem suas visões de mundo, ressignificarem seus conhecimentos, terem melhores oportunidades e serem cidadãos conscientes de seus direitos.
Educação Carcerária: As Aulas da Educação de Jovens e Adultos à Luz da Pedagogia Emancipatória
(2024-01) BITENCOURT, Vanessa Colares de
Esta pesquisa está inserida na área das ciências da educação, na linha de Educação, História e Política, na temática da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O questionamento que mobilizou a pesquisa foi: Quais as aproximações e distanciamentos da Pedagogia Emancipatória nas aulas desenvolvidas pela Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Penitenciária Sul/SC? Partimos da hipótese de que é possível identificar elementos da Pedagogia Emancipatória entremeados com práticas tradicionais de ensino que, em momentos, aproximam-se dos princípios emancipatórios e, em outros, distanciam-se, refletindo os desafios e potenciais da educação carcerária. Neste sentido, o objetivo principal foi analisar o desenvolvimento das aulas ofertadas pela EJA na Penitenciária Sul/SC à luz da Pedagogia Emancipatória. Como pressupostos teóricos, destacamos Paulo Freire e Michel Foucault, que auxiliaram na compreensão dos aspectos que envolvem a educação de jovens e adultos; as políticas educacionais; os preceitos da Pedagogia Emancipatória, bem como do ambiente prisional. A metodologia adotada ancorou-se em uma abordagem sócio-histórica, articulando-se como um estudo de caso que integrou análise qualitativa com pesquisa bibliográfica e documental. A coleta de dados envolveu a avaliação de documentos normativos que regem o ensino nas prisões brasileiras, a realização de grupos focais com estudantes presos e entrevistas com professores, buscando assimilar as perspectivas daqueles que estão diretamente envolvidos no contexto em análise. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo para trabalhar e interpretar os dados, seguindo o aporte teórico de Bardin (2020) que auxiliou na construção de categorias para realizar a análise dos dados junto aos capítulos teóricos. O presente texto obteve aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, sendo registrado sob o número CAAE: 96459223.0.000.0261. Os dados obtidos nesta pesquisa lançaram luz sobre a educação nas prisões, revelando um cenário promissor onde, dos cinco preceitos emancipatórios propostos para a análise, três alinham-se à prática: a humanização e práxis educativa, a importância do rigor metódico do professor e questões sobre ética e disciplina no contexto da sala de aula prisional. Quanto à valorização cultural dos educandos e à relevância da pesquisa no processo ensino-aprendizagem, observou-se que esses aspectos ainda demandam aperfeiçoamento em sua aplicação prática, mantendo-se distantes do ideal teórico. Assim, os resultados sugerem que, apesar dos desafios inerentes à educação nas prisões, é viável e possível adaptar as abordagens educativas ao contexto prisional singular de modo a aproximar as práticas pedagógicas aos princípios da Pedagogia Emancipatória. Torna-se necessário, personalizar a teoria à realidade da prisão, reinventando o processo educativo da EJA nesses espaços.
Comida na mesa e caderno nas mãos: Educação Alimentar e Nutricional e a Segurança Alimentar e Nutricional em escolas araranguaenses
(2023-12) MACIEL, Vanessa Policarpo
A insegurança alimentar e nutricional pode acarretar sérios problemas no desenvolvimento físico e cognitivo das crianças em idade escolar, tais como: desnutrição, carências nutricionais, excesso de peso ou doenças crônicas não transmissíveis, baixo interesse pela escola e falta de concentração. O número de famílias que sofrem com insegurança alimentar e nutricional no mundo vem aumentando gradativamente desde a pandemia da Covid-19, especialmente em países da América Latina. Com atenção a essa conjuntura, esta pesquisa responde ao seguinte problema: quais as possíveis contribuições da Educação Alimentar e Nutricional na rede estadual de ensino para a redução das situações de insegurança alimentar em Araranguá-SC? Propusemos como objetivo geral: analisar as possíveis contribuições da Educação Alimentar e Nutricional na rede estadual de ensino para a redução das situações de insegurança alimentar que possam garantir o direito de aprendizagem no município de Araranguá-SC. E como objetivos específicos, procuramos: a) debater Educação Alimentar e Nutricional e segurança alimentar no mundo contemporâneo e no Brasil; b) explorar os reflexos da colonialidade do poder nas situações de desigualdades sociais e regionais, especialmente na América Latina; c) conhecer as políticas públicas brasileiras que se operacionalizam via escola para o enfrentamento da insegurança alimentar; d) conhecer programas e projetos de Educação Alimentar e Nutricional implementados pelas escolas estaduais do município de Araranguá (SC). Realizamos uma pesquisa básica com objetivo exploratório e utilizamos, como base de procedimentos técnicos, a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo dividida em duas etapas: aplicação de formulário Google Forms em 14 unidades escolares e entrevistas semiestruturadas com 14 educadoras. A análise de dados foi qualitativa, a partir de três eixos de observação: segurança alimentar e nutricional, práticas pedagógicas e envolvimento da comunidade escolar nas atividades. Os resultados apontaram que a ampla maioria das escolas araranguaenses estão envolvidas em projetos de Educação Alimentar e Nutricional. Todavia, as educadoras enfrentam desafios sociais e culturais coloniais e os resultados mostraram-se mais efetivos com a participação da comunidade escolar.
A MATERIALIZAÇÃO DO TRABALHO DO SEGUNDO PROFESSOR NO ATENDIMENTO AO ESTUDANTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
(2023-12) REIS, Éllen da Silva Rufino
A presente dissertação de mestrado está inserida na área das Ciências da Educação, especificamente na linha de pesquisa Educação, História e Política, com foco na temática da inclusão escolar, sobre as políticas educacionais do trabalho do segundo professor. Parte das hipóteses que a atribuição principal do segundo professor nos anos iniciais do Ensino Fundamental da rede estadual do município de Araranguá/SC pode estar centrada mais em assistencialismo do que em práticas pedagógicas colaborativas; que a rotina diária do segundo professor pode ser predominantemente preenchida com demandas emergenciais; que a falta de incentivo financeiro de horas a serem pagas para planejamento e estudo contribui para a fragilidade do serviço prestado pelo segundo professor; que não existe trabalho conjunto entre o professor titular e o segundo professor; e que o segundo professor se torna o professor titular do estudante com TEA na prática. O problema da pesquisa é: comparado ao prescrito na Resolução CEE/SC nº 100, 13 de dezembro de 2016, quais são as atribuições do segundo professor responsável pelo acompanhamento do estudante com TEA nos anos iniciais do Ensino Fundamental nas escolas estaduais do município de Araranguá/SC? O objetivo da pesquisa é investigar as atribuições e restrições do segundo professor do estudante com TEA nos anos iniciais do Ensino Fundamental com o propósito de entender como sua atuação influencia no processo de aprendizagem do estudante com TEA. O referencial teórico-metodológico fundamenta-se na perspectiva sócio-histórica para a concepção de homem, de ciência e o propósito de explicar a realidade, buscando possibilidades para sua transformação. Para alcançar os objetivos propostos realizou-se uma pesquisa exploratória com professores que atuam como segundo professor em séries iniciais do Ensino Fundamental no município de Araranguá/SC. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário e entrevista. A partir dos resultados obtidos detectamos as dificuldades encontradas pelo segundo professor em sala de aula e as soluções estabelecidas, bem como se averiguou os diferentes níveis de preparação e formação do professor. Assim, identificamos as aproximações e distanciamentos das atribuições, restrições e prática do segundo professor em relação à Resolução CEE/SC nº 100/2016. Esperamos que essa pesquisa possa contribuir na revisão das políticas de inclusão vigente e que forneça subsídio para melhorar as práticas de formação dos segundos professores, contribuindo na elaboração das formações continuadas.
CONDIÇÕES DE TRABALHO E ADOECIMENTO DOCENTE: CAUSAS PERSISTENTES
(2023-12) FARIAS, BEATRIZ HEITICH DA SILVA
A presente pesquisa de mestrado insere-se na área da educação na linha de educação, história e política e busca analisar o adoecimento dos professores a partir das suas condições de trabalho no cenário capitalista. O objetivo geral consiste em investigar os fatores que afetam a saúde dos professores da Educação Básica em uma escola da rede estadual no município de Tubarão, Santa Catarina. Os objetivos específicos são: (a) identificar o cenário das políticas educacionais que provocam a des/valorização docente; (b) analisar os fatores que provocam o mal-estar docente e prejudicam sua saúde e o exercício da profissão; (c) analisar o contexto da saúde dos professores no período pandêmico e pós-pandêmico; e (d) analisar estratégias voltadas para aprimorar as condições de trabalho docente, promover sua saúde e, por consequência, elevar a qualidade da educação. Elencamos como hipótese do estudo que um dos fatores que contribuem para o adoecimento dos professores é o reflexo da desvalorização de seu trabalho, manifestado no contexto social, nas deficientes condições de trabalho na sala de aula, na carência de recursos humanos e materiais, assim como na sobrecarga de trabalho e insatisfação quanto ao salário e plano de carreira. Para os aspectos teóricos e metodológicos da investigação, optamos por realizar uma pesquisa qualitativa e um estudo de caso em uma escola de Educação Básica da rede estadual do município de Tubarão, Santa Catarina. Para a coleta de dados, utilizamos um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas, por meio do recurso do Google Forms, aplicado a 37 professores. A classificação dos dados ocorreu por meio da análise de conteúdo, seguindo o aporte teórico de Bardin (2020), que auxiliou na análise qualitativa e na construção de categorias para a análise dos dados, juntamente com os capítulos teóricos. Os resultados apontaram desafios abrangentes, desde sobrecarga de trabalho até questões de saúde mental, todos relacionados às condições laborais precárias e à falta de reconhecimento profissional. A pesquisa revelou estratégias para pensar o bem-estar dos professores, incluindo maior autonomia escolar, formação contínua e equipes multidisciplinares de apoio emocional. Além disso, essa pesquisa mostrou a necessidade de reformular políticas educacionais para valorizar a profissão docente e promover ambientes de trabalho mais saudáveis. No contexto pós-pandêmico, a atenção à saúde emocional dos professores torna-se ainda mais crucial. Em última análise, essa pesquisa demonstra que investir nas melhorias das condições de trabalho dos professores é fundamental para a qualidade da educação e que a voz dos educadores deve continuar a orientar esforços para melhorar o sistema educacional.
PERCEPÇÕES DOS PROFESSORES QUANTO AO USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA
(2023-10) PEREIRA, Paula Fabichaki
As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) são consideradas, no âmbito da Educação, uma grande possibilidade de inovação das práticas pedagógicas do professor quando alinhadas às metodologias ativas. No ensino de Geografia, teorizar e construir conhecimentos, dando significado aos conceitos geográficos, a partir da incorporação do uso das TDIC na prática docente, proporciona uma aprendizagem contextualizada com a vivência dos alunos, promovendo motivação, curiosidade e senso crítico. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a percepção dos professores, que lecionam na Escola Polo, sobre o uso das TDIC e sua adequação a metodologias ativas na disciplina de Geografia. Quanto à abordagem, a pesquisa é de cunho qualitativo; em relação aos procedimentos, caracteriza-se como um estudo de caso envolvendo exclusivamente professores de Geografia da Rede Pública de Ensino do Estado de Santa Catarina que lecionaram a disciplina de Geografia em Escolas Polo durante a pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2021. Na metodologia proposta, a primeira etapa da pesquisa refere-se à coleta de dados secundários, sistematizando os avanços mais recentes realizados sobre o uso das TDIC no ensino de Geografia por meio de uma busca sistêmica com base na definição de descritores como TDIC, Geografia e Metodologia Ativa. Na segunda etapa, ocorreu a coleta de dados primários por meio da entrevista semiestruturada. Na busca sistêmica e na análise das entrevistas foram identificados três grupos de obstáculos: estruturais, epistemológicos e didáticos. A orientação e alicerces das análises são influenciados pelo pensamento de Gaston Bachelard que enfatiza a importância de superar esses obstáculos por meio da reflexão crítica, da revisão constante das teorias e da abertura a novas perspectivas, o que também deve guiou o processo analítico e as entrevistas, a fim de promover uma compreensão mais profunda e precisa do objeto de estudo. Os obstáculos estruturais mostram-se como determinantes na prática docente, pois são os causadores do insucesso e receio da intenção docente no uso das TDIC. Foram constatados também obstáculos epistemológicos, pertencentes à própria natureza do conhecimento em TDIC; e o didático, constituindo as dificuldades do docente quando faz uso destas sem sua prática didática. A presente pesquisa identificou escolhas recorrentes no conteúdo curricular abordado, tais como conceitos geográficos, cartografia e raciocínio geográfico. Nos relatos é possível inferir que o uso de metodologias ativas, alinhadas aos recursos oferecidos pelas TDIC, não só apoia o professor na construção de novos conhecimentos, como também ressignificam o conhecimento sobre a tecnologia computacional, potencializando atividades criativas no espaço da sala de aula de Geografia. A gamificação, a sala de aula invertida e os projetos integradores são as metodologias ativas mais presentes. O papel do professor é reiteradamente evidenciado como fundamental e preponderante para o sucesso das práticas propostas. A formação continuada é fundamental no processo de superação dos obstáculos epistemológicos e didáticos, instigando a construção e ressignificação de conhecimentos que promovam a mudança nas práticas de ensino resultantes da adoção das TDIC na escola.
Gestão escolar e prática pedagógica: distanciamentos recorrentes
(2023-09) BERNER, Ligiane
A presente dissertação insere-se na linha de pesquisa “Educação, História e Política”, realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade do Sul de Santa Catarina. Partimos do contexto de que a gestão escolar pode apresentar importantes elementos, de natureza pedagógico-curricular, para colaborar com uma prática pedagógica, a partir de uma concepção crítica de educação, que culmine com a educação integral do aluno (processo de humanização). Estabelecemos como problema de pesquisa a seguinte indagação: como se materializam as ações de natureza pedagógico-curricular da gestão escolar para contribuir com a prática pedagógica em uma determinada escola pública localizada no município de Palhoça (SC)? Dessa maneira, apontamos como objetivo geral: analisar as ações de natureza pedagógico-curricular da equipe gestora da Escola de Educação Básica Irmã Maria Teresa (EEBIMT) localizada no município de Palhoça (SC). E como objetivos específicos: a) caracterizar a concepção de gestão da equipe que compõe a gestão escolar; b) identificar as ações de natureza pedagógico-curricular da equipe gestora da escola no período de 2022; e c) analisar, no que se refere ao processo formativo integral do aluno, a(s) concepção(ões) pedagógica(s) das ações de natureza pedagógico-curricular da equipe gestora. Os participantes da pesquisa foram cinco indivíduos que compõem a equipe gestora da instituição, vinculada à Secretaria de Estado da Educação do estado de Santa Catarina, onde a pesquisa foi realizada. O contexto do estudo é a concepção de gestão democrática, instituída pela legislação atual a partir da Constituição Federal de 1988. Recorremos a pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico-dialético, no que se refere a condição ontológica e da teoria histórico-crítica, como concepção de educação. No que compete à natureza das fontes, utilizamos, predominantemente, a pesquisa documental e a pesquisa de campo (de cunho explicativa), com desdobramentos de um estudo de caso. Como procedimentos operacionais, realizamos a aplicação de um questionário e de uma entrevista semiestruturada. Dessa forma, analisamos as ações de natureza pedagógico-curricular da gestão escolar como contributo para a prática pedagógica à luz da pedagogia histórico-crítica (PHC). Partimos do referencial teórico acerca da especificidade da educação escolar e dos elementos da gestão escolar na perspectiva crítica, confrontando com a materialização das políticas públicas e com os documentos que regem o sistema educativo no âmbito estadual, a fim de compreender as ações dos sujeitos envolvidos na gestão escolar. O estudo nos revela que as políticas neoliberais atingem a classe trabalhadora também no âmbito dessas instituições com a imposição de um currículo elaborado na esfera governamental, fundamentado no pragmatismo, de caráter ideológico que busca atender aos interesses da sociedade capitalista, secundarizando a atividade-fim da educação, à qual defendemos ser uma formação humanizadora. Constatamos, nesse sentido, que: as políticas educacionais no Estado de Santa Catarina compactuam com um processo formativo em proveito do desenvolvimento da concepção de mundo no âmbito conservador; e, ainda, que a lógica da administração empresarial afasta a possibilidade de uma gestão de fato participativa. No entanto, o posicionamento da equipe gestora da escola está relacionado com a perspectiva da PHC quanto à especificidade da educação escolar e à função da escola em priorizar os conhecimentos sistematizados para a formação dos indivíduos.
POLÍTICA CURRICULAR DE ALFABETIZAÇÃO EM SANTA CATARINA: SUA OBJETIVAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA
(2023-10-20) Oliveira, Marizete de
Esta dissertação insere-se na linha de pesquisa Educação, História e Política, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Está vinculada ao grupo de estudos e pesquisas em Políticas Públicas para Educação Básica, História, Alfabetização e Letramento (GEPPHALE). O estudo investiga como se dá a aquisição da leitura e da escrita no ciclo alfabetizador por meio de práticas pedagógicas, sob o viés da Teoria Histórico-Cultural, e a partir do que dispõe a Política Curricular Catarinense para o Ciclo Alfabetizador. A questão-problema que norteia a pesquisa é: as práticas pedagógicas, desenvolvidas por professores do ciclo alfabetizador do ensino fundamental, estão em conformidade com a Política Curricular de Alfabetização do Estado de Santa Catarina? O objetivo geral é analisar a materialização da Política Curricular de Alfabetização, em Santa Catarina, em práticas pedagógicas desenvolvidas por professores do ciclo alfabetizador do ensino fundamental – tais como relatadas por eles – verificando sua conformidade ou não com os pressupostos teórico-metodológicos dessa política, bem como identificando pontos de fragilidade e possibilidades de superação. Os sujeitos integrantes da pesquisa são professoras que atuam em turmas de 1º e 2º anos do ensino fundamental – anos iniciais, pertencentes à rede pública estadual de educação, especificamente à Coordenadoria Regional de Educação de Tubarão – Estado de Santa Catarina. Os instrumentos de coleta de dados foram três: revisão bibliográfica, análise documental e formulário de pesquisa estruturado. O processo analítico baseou-se em autores que fundamentam a Teoria Histórico-Cultural e pesquisadores da área de linguagens que têm contribuído com estudos sobre o processo de alfabetização nessa perspectiva teórica – bem como pesquisadores da área de políticas educacionais e de currículo alinhados com as políticas curriculares de alfabetização. Os resultados apontaram que o arcabouço teórico do currículo catarinense é de conhecimento das professoras, contudo ainda é possível perceber uma prática pedagógica baseada no ecletismo pedagógico e com poucas evidências em relação à apropriação, pelas docentes, dos pressupostos teóricos que sustentam a política curricular catarinense. Em síntese, podemos concluir que a Teoria Histórico-Cultural é reconhecida como fundamento da proposta curricular de Santa Catarina, oferecendo uma base sólida para a melhoria da qualidade da educação escolar, porém esses pressupostos teórico-metodológicos ainda não ressoam de forma efetiva no âmbito da práxis pedagógica.

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