Um lugar chamado gaúcho: invenções da identidade sul-rio-grandense por meio da música

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2017

Tipo de documento

Tese

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Área do conhecimento

Linguística, Letras e Artes

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

Baptista, Íria Catarina Queiroz

Orientador

Juliano, Dilma Beatriz Rocha

Coorientador

Resumo

The present work deals with the ‘Gaúcho’ social identity constructed through the regional music that composes the cultural manifestations of Rio Grande do Sul through the Traditionalist, Nativist and Tchê Music Movements. The first, iniciated in the 1950s, came from the creation of the ‘Centros de Tradição Gaúcha’ (CTG – Gaúcha Traditional Centers); the second, born in the 1970s/1980s, from the festivals of native songs; and the third came in the 2000s based on parties and shows designed to liven up the weekends. With the aim of showing that regional ‘Gaúcho’ music constantly promotes the maintenance of a gentile South-Rio-Grandense identity, this thesis detected the existence, in the adversities of life related to pastoral work, in the treatment of animals and in the struggles for the delimitation of the geographical borders of the state, the maintenance of rural properties from inspiration to creation and the constant renewal of an identity built on the basis of past values. The ‘Gaúcho’-hero myth, discussed in chapter 2, proves the existence of an idealized personality to serve as a model of identity constantly renewed through music as a striking cultural manifestation, topic brought up in chapter 3. Chapters 4, 5 and 6 show the ways used by the musical constructions of the three movements to promote and maintain, in a constant renewal, the so-called ‘gaúcho’ traditions, highlighting the favoring of certain social segments. This research has proven that traditional ‘Gaúcho’ historiography has prioritized the version of the ruling classes through the valorization of characteristics carefully cultivated and defended to feed the invented tradition and keep alive the idea of the myth of the ‘gaúcho’ hero, often provoking the erasure of some social types which, despite their contribution to the defense and political maintenance of the State, did not obtain the same recognition accorded to the commanders of the conflicts and to the politically dominant classes.
O presente trabalho aborda a identidade social gaúcha construída por meio das músicas regionais que compõem as manifestações culturais do Rio Grande do Sul através dos Movimentos Tradicionalista, Nativista e “Tchê Music”. O primeiro, iniciado nos anos de 1950, surgiu da criação dos Centros de Tradição Gaúcha (CTG); o segundo, nascido nos anos de 1970/1980, a partir dos festivais de canções nativas; e o terceiro surgido nos anos 2000, com base nas festas e shows criados para animar os finais de semana. Com o objetivo de mostrar que as músicas regionais gaúchas promovem constantemente a manutenção de uma identidade gentílica sul-rio-grandense, esta tese detectou a existência, nas adversidades da vida ligada ao trabalho pastoril, no trato com os animais e nas lutas pela delimitação das fronteiras geográficas do estado e a manutenção das propriedades rurais, da inspiração para a criação e as constantes renovações de uma identidade construída com bases em valores do passado. O mito do gaúcho-herói, abordado no capítulo 2 comprova a existência de uma personalidade idealizada para servir de modelo de identidade constantemente renovado através da música, abordada no capítulo 3, enquanto marcante manifestação cultural. Os capítulos 4, 5 e 6 mostram os caminhos utilizados pelas construções musicais dos três movimentos para promover e manter em constante renovação as chamadas tradições gaúchas evidenciando o favorecimento de determinados segmentos sociais. A pesquisa comprovou que a historiografia gaúcha tradicional priorizou a versão das classes dominantes por meio da valorização de características cuidadosamente cultuadas e defendidas para alimentar a tradição inventada e conservar viva a ideia do mito do gaúcho-herói, provocando, muitas vezes, o apagamento de alguns tipos sociais que, apesar da contribuição para a defesa e a manutenção política do estado, não obtiveram o mesmo reconhecimento dispensado aos comandantes dos conflitos e às classes politicamente dominantes.

Palavras-chave

Música, Identidade cultural; Tradição gaúcha; Mito do gaúcho herói.

Citação