TRAUMANN, Andrew PatrickOVÇAR, Guilherme Skrepka2021-10-122021-10-122021-07-29https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/17502A história do Sudão é marcada por forças centrífugas que sempre lhe direcionaram para conflitos domésticos que abalaram o desenvolvimento do país. Rebeliões internas, como a de Darfur, foram reflexo de décadas de governos centrais que privilegiavam a região das Três Tribos em detrimento da periferia composta principalmente por tribos ditas como “não-árabes”. A complexidade das relações domésticas e regionais do Sudão fez com que os seus conflitos domésticos fossem alvo de preocupação internacional em diferentes momentos da história, por vezes de seus vizinhos mais próximos e às vezes dos grandes atores da política internacional, com efeitos e influências diretas e indiretas no desenrolar do conflito. Após um longo período com foco na Guerra Civil Norte-Sul – do qual culminou a criação do Sudão do Sul – a comunidade internacional voltou a sua atenção para a região de Darfur, onde um longo conflito se desenrolava, aos moldes da Guerra Civil Norte-Sul, e com evidências de genocídio e práticas condenáveis nos embates entre tropas do governo e os grupos rebeldes. Após a tentativa de soluções-padrão até então adotadas por organismos internacionais como a ONU e a UA, o modelo híbrido de operação de paz foi a solução que conseguiu convencer todos os entes envolvidos, em especial o governo sudanês, a autorizar uma intervenção internacional na região de Darfur. Com grandes expectativas e enormes investimentos, a Missão Hibrida das Nações Unidas e da União Africana em Darfur (UNAMID) foi implementada a partir de 2007, e com o tempo se demonstrou um modelo aplicável, mas com uma série de fatores que dificultavam a sua efetivação e o consequente sucesso. As dificuldades impostas pelas diferenças entre as organizações internacionais envolvidas, somadas às ações adversas do governo sudanês, levaram a uma relação desgastada que, aos poucos, surtiu efeito no nível operacional da missão. As pretensões iniciais de maior representatividade africana na missão; com o fito de atender as imposições de Cartum e ao mesmo tempo ir ao encontro de uma política de “soluções africanas para problemas africanos”; encontraram obstáculos nas dificuldades técnicas, financeiras e logísticas da UA, fazendo com que mais tropas da ONU fossem desdobradas no terreno. Ao fim da análise, percebe-se que elementos da história sudanesa, e principalmente de suas relações com os seus vizinhos, seus grupos domésticos e a comunidade internacional, somando-se às complicações intrínsecas das relações internacionais entre uma vasta gama de atores com agendas e discursos legitimadores próprios, justificam e explicam as dificuldades encontradas pela operação de paz hibrida.106ptAtribuição-SemDerivados 3.0 BrasilUNAMIDUnião AfricanaSudãoMissão de pazONUContextos histórico e político do Sudão para a compreensão do modelo hibrído da missão hibrida das Nações Unidas e da União Africana em Darfur (UNAMID)Monografia