Balsini, Jairo NunesBitencourt, Letícia Verza de2023-02-022023-02-022022-11-30https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/32066A hidrocefalia é caracterizada pela presença de um desequilíbrio no desenvolvimento da produção, drenagem e reabsorção do liquido cefalorraquidiano, que por sua vez gera uma dilatação dos ventrículos cerebrais (SIQUEIRA et al., 2016; ROWLAND et al., 2018). A hidrocefalia obstrutiva ocorre com mais frequência em cães devido ao aumento de produção de LCR (TILLEY; SMITH JUNIOR, 2015), pois esses locais são vulneráveis, devido seus espaços serem estreitos como ocorre no aqueduto cerebral e nas saídas do IV ventrículo. Estes bloqueios geram uma hidrocefalia não comunicante, que resulta em um acúmulo do líquor recém produzido no sistema ventricular anterior ao bloqueio. Isso exerce uma expansão do tecido cerebral adjacente forçada, podendo ocorrer o aumento da pressão intracraniana. Essa patologia do tipo comunicante é rara, pois ocorre uma falha na absorção, que geralmente é secundaria a meningites ou hemorragias. Provavelmente por causa de fragmentos celulares que impedem a transferência de líquido cefalorraquidiano do espaço subaracnóideo para o sistema nervoso central. Isso aumenta o volume do líquido cefalorraquidiano no espaço subaracnóideo, portanto, a pressão não está apenas na superfície externa do cérebro, mas também intracraniana (CUNNINGHAM, 2014). Em cães, as raças miniaturas e os braquicefálicos são os mais predispostos a terem hidrocefalia congênita e, em geral, apresentam-se os sinais clínicos em algumas semanas de vida a 1 ano (Trindade et al., 2019). Em relação à hidrocefalia adquirida não há seleção de raça, ou seja, qualquer cão ou gato pode adquirir a doença em qualquer idade (TILLEY; SMITH JUNIOR, 2015). No caso de ocorrência, os sinais clínicos descritos são uma grande cabeça em forma de cúpula, fontanelas abertas, estrabismo ventrolateral bilateral. Geralmente os sinais refletem em um distúrbio no prosencéfalo que resulta na obstrução, anormalidades no comportamento, agressividade, diminuição da visão ou cegueira, andar em círculos, inquietação e convulsão. Os pacientes afetados apresentam ventrículos laterais e terceiros aumentados (KENT et al., 2016). Para obter o diagnóstico fundamenta-se na anamnese, sinais clínicos, exame clínico e neurológico, exames de imagens como ultrassonografia, radiografia craniana, tomografia computadorizada e ressonância magnética (ARIAS, 2015). Uma vez constatada a ocorrência de hidrocefalia, a escolha de tratamento pelo médico veterinário é primariamente cirúrgica, onde este procedimento inclui a colocação de um “shunt”, que desvia o LCR para a cavidade peritoneal (KIM et al., 2006; WOO et al., 2009). O tratamento medicamentoso compreende a utilização de diuréticos, como acetazolamida, podendo optar sozinha ou em combinação com furosemida. Os corticosteroides também podem auxiliar no tratamento (THOMAS, 2010). O omeprazol pode ser uma alternativa em pacientes que não respondem ao tratamento medicamentoso convencional (AMUDE et al., 2013). Esse procedimento tende a diminuir a quantidade total e a pressão do líquor, aliviar o edema e reduzir a pressão intracraniana (HOERLEIN et al., 1978). Este tratamento serve para aqueles animais que não foram severamente acometidos (HOERLEIN et al., 1978). O prognóstico deste quadro é normalmente reservado a ruim, especialmente quando há sinais neurológicos presentes. Por consequência, tendo como prioridade o bem-estar do animal, a eutanásia pode ser indicada devido à divergência da doença com a vida do animal, buscando sempre boas práticas e princípios éticos conforme o manual de eutanásia (BALAMINUT et al., 2017).10 f.ptAtribuição-SemDerivados 3.0 BrasilCãoHidrocefalia congênitaTomografia computadorizadaDerivação ventrículo-peritonealHidrocefalia congênita grave em cão: relato de casoSevere congenital hydrocephalus in a dog: case reportEstudo de Caso