A proibição do uso do véu islâmico na França: uma análise sobre o choque cultural na perspectiva ocidental

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Data

2021-12

Tipo de documento

Monografia

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Área do conhecimento

Ciências Humanas

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

Beza, Ana Paula Maciel

Orientador

Neumann, Ricardo

Coorientador

Resumo

O presente trabalho de pesquisa tem enquanto objetivo analisar o choque cultural entre franceses e muçulmanos e como isso influência nas perseguições sofridas pelas mulheres muçulmanas. Enquanto problema de pesquisa, tem-se quais as consequências do encontro entre a cultura muçulmana e francesa para as mulheres muçulmanas no período pós 11 de Setembro. Inicia-se abordando acerca do choque de civilizações, sob os conceitos de Huntington, visando compreender acerca dos conflitos existentes entre as civilizações ocidentais e orientais. Analisam-se ainda conceitos de estado laico, da liberdade religiosa sob a ótica dos direitos humanos e da imigração. No segundo capítulo, aborda-se sobre a imigração muçulmana na França, fazendo um comparativo entre a visão tida antes do 11 de setembro, e a imagem pós atentado. Neste momento, verifica-se o quanto a mídia contribuiu para a ampliação do preconceito, funcionando como um estímulo para a suposta guerra entre o bem e o mal. No terceiro capítulo, discorre-se acerca do conflito entre a cultura islâmica e francesa, mediante a realidade atual de laicidade do estado francês, cumulada as particularidades da cultura muçulmana. Dentre as tradições da religião islâmica, tem-se o uso da burca e/ou véu, os quais são a representação da vida religiosa pura das mulheres, que, por sua vez, devem expressar em público sua fé. No capítulo quatro, aborda-se acerca da lei n. 2010-1192, promulgada em 11 de outubro de 2010, responsável pela interdição da dissimulação da face em espaços públicos, proibindo o uso do niqab e da burca em todos os espaços públicos, em nome da laicidade do Estado. Ao analisar as consequências da lei francesa para as mulheres muçulmanas na França, tem-se que na prática elas atingiram de sobremaneira as mulheres muçulmanas que fazem uso do véu, haja vista que contribuíram para o aumento da marginalização da comunidade e do sentimento de isolamento, ampliando o estereótipo e vulnerabilidade das vestimentas muçulmanas, as quais são parte da cultura desta religião. Por fim, sob a ótica das consequências geradas às mulheres devido à proibição do uso do véu, conclui-se que, em consonância com os direitos humanos e a liberdade religiosa, tem-se que esta proibição pode ser contribuinte para a marginalização das muçulmanas, extrapolando particularidades religiosas e se colocando enquanto exclusão real que interrompe o processo integrativo necessário entre as culturas francesa e muçulmana. A sociedade atual não pode ser palco para ampliação das diferenças e/ou incentivadora do preconceito, seja ela em virtude de religião, classe, cultura ou cor. A convivência harmônica em sociedade deve ser pautada na busca da transposição de fronteiras, e da integração entre povos e nações.

Palavras-chave

Islamismo, Burca, França, Laicidade, Lei 2010-1192

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