Rituais de Hospitalidade no Caminho de Cora Coralina: protagonismo das anfitrãs de meios de hospedagem em povoados goianos

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Data

2023-08

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Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

PASSOS, Lisandra Lavoura Carvalho

Orientador

REJOWSKI, Mirian

Coorientador

BASTOS, Sênia Regina

Resumo

No interior do estado de Goiás, foi inaugurado em 2018, o Caminho de Cora Coralina em homenagem à poetisa que nasceu na cidade de Goiás, que retrata em um estilo único a natureza, a vida cotidiana e a cultura brasileira. Trata-se de uma rota turística, com cerca de 300 km de extensão, entre os municípios de Corumbá de Goiás e a Cidade de Goiás, em um local conhecido como Região do Ouro, palco da exploração desse minério no século XVIII, onde há presença de sítios naturais, históricos e arqueológicos. A implementação desse caminho gerou mobilização do poder público e a criação da Associação do Caminho de Cora Coralina que reúne, aproximadamente, 30 empreendedores, com a presença de mulheres à frente de vários meios de hospedagem em povoados, que não possuem as mesmas características e condições de cidades consolidadas que fazem parte do caminho. Nesse cenário desenvolvi uma pesquisa qualitativa, com base no método etnográfico, a fim de compreender as relações de hospitalidade presentes nos rituais protagonizados pelas anfitriãs dos meios de hospedagem em povoados do Caminho de Cora Coralina. Após abordar rotas e trilhas turísticas, seguida pela vida e legado da poetisa, entendo o Caminho como uma rota cultural, ecoturística e de turismo esportivo e, ainda, uma trilha de longo curso de caráter polissêmico, símbolo da poetiza como fonte de inspiração e persistência aos caminhantes e ciclistas. Com base em documentos e entrevistas com pioneiros, planejadores e executores, apresento o histórico do Caminho desde o seu plano conceitual em 2013, a inauguração em abril de 2018 e sua gestão até junho de 2023. Em quatro viagens ao campo identifiquei seis anfitriãs em meios de hospedagem de povoados rurais, percorri todo o Caminho como turista-peregrina, vivenciando as suas etapas de esforço físico, esforço mental e introspecção e coletei dados sobre atuação dessas anfitriãs por meio da observação participante e entrevistas semiestruturadas. A partir da descrição densa, analisei e discuti, à luz de estudiosos sobre o assunto, os rituais e as cenas nas relações de hospitalidade entre anfitriãs e seus hóspedes nas etapas de iniciação, acolhimento e estreitamento dos vínculos. Na primeira, percebi a falta de planejamento na recepção, na segunda, a hospedagem e a alimentação como essenciais e, na terceira, o eventual estreitamento de vínculos, caracterizando a intensidade dessas relações. Observei que, em alguns meios de hospedagem, todos os rituais e todas as etapas se desenvolveram, mas, em outros, pouco avançaram para além da recepção ou não se instalaram. Percebi elementos no cotidiano da vida simples das anfitriãs no meio rural como características associadas à perpetuidade dessa ruralidade que produzem uma conexão peculiar nas relações de hospitalidade entre elas e seus hóspedes, personalizando, assim, os rituais de hospitalidade nos meios de hospedagem analisados no Caminho de Cora Coralina. Enfatizo, ao final, a identificação dessas mulheres com a poetisa Cora Coralina, uma mulher antes desconhecida, mas que se tornou fonte de inspiração para elas.

Palavras-chave

Hospitalidade, rituais, anfitriãs, Caminho de Cora Coralina, rota turística

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