'Eu achei que ia resolver para resto da vida, pelo contrário é um controle para o resto da vida'

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Data

2011

Tipo de documento

Monografia

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Área do conhecimento

Ciências Humanas

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

Prado, Marli Borges

Orientador

Kienen, Nádia

Coorientador

Resumo

O Brasil é o segundo no ranking em realização de cirurgias bariátricas ficando atrás dos EUA, com 200 mil procedimentos em 2010. Frente a este aumento de cirurgias bariátricas entre brasileiros, estudos sobre as conseqüências desta cirurgia na vida dos sujeitos tornam-se relevantes. Dessa forma, esta pesquisa objetiva caracterizar à percepção dos sujeitos acerca do processo de voltar a ganhar peso após submeterem-se à cirurgia bariátrica. Os participantes desta pesquisa foram um homem e quatro mulheres, com idades acima de 18 anos. Como critérios foram selecionados pelo fato de se submeteram à cirurgia bariátrica, e que já estão no período pós-operatório há mais de um ano e que referiram ter ganhado peso após a cirurgia. Estes participantes foram selecionados a partir da indicação de um profissional da área da saúde. A entrevista com questões abertas foi utilizada como instrumento de coleta de dados. Os dados foram organizados a partir das entrevistas gravadas e transcritas. A análise dos dados deu-se a partir da técnica de análise de conteúdo, com a elaboração de categorias e subcategorias com base nos objetivos da pesquisa. Posteriormente os dados foram interpretados com base no referencial teórico. Como resultados constatou-se que os sujeitos da pesquisa submetaram-se à cirurgia bariátrica como se esta fosse a "salvação" para sua condição de obesidade e outras situações de suas vidas. Além disso, os mesmos não tiveram acompanhamento psicológico no período pré e pós cirúrgico; percebem a cirurgia como um controle que terão para o resto da vida e se frustraram com os resultados da cirurgia. As estratégias alimentares utilizadas foram beliscar e ingerir alimentos fáceis, como bolachas, chocolates,etc. Apresentam dificuldades de perceber a quantidade de alimento consumido e a maioria afirma não praticar exercícios físicos. Os dados demonstraram também que os sujeitos não percebem alterações nas relações sociais se comparadas durante o pré e o pós-cirúrgico, apesar de tais alterações ocorrerem, como o fato de sentirem-se mais aceitos em suas relações sociais com a perda de peso e de serem cobrados pelos seus pares pelo fato de ganharem peso após submeterem-se à cirurgia bariátrica. Atribuem à alimentação inadequada e à ansiedade a causa do ganho de peso e possuem sentimentos negativos, como tristeza, frustração, etc. pelo fato de voltarem a ganhar peso. Sobre a imagem corporal, atribuíram ao corpo adjetivos positivos como "bonito", "sarado", e adjetivos negativos, tais como, "horrível", "flácido", "nada de bonito", "imperfeito". Com estes dados, percebeu-se sofrimento emocional nos sujeitos pelo fato de terem voltado a ganhar peso após realizarem a cirurgia bariátrica. O comportamento alimentar inadequado persiste ou é agravado após a cirurgia, o que pode também estar associado à compulsão alimentar que o sujeito poderia ter antes de realizar a cirurgia, o que necessita ser tratado. Os sujeitos não tiveram preparo prévio do que diz respeito aos aspectos psicológicos e nutricionais que fazem parte da etiologia da obesidade. Apresentam dificuldades de relacionar as questões emocionais com o ganho de peso, o que pode ser um dos fatores pelos quais não buscaram tratamento psicológico como estratégia de enfrentamento ao ganho de peso. Por isso, a importância da orientação por parte dos cirurgiões bariátricos para que o acompanhamento desses sujeitos seja multiprofissional, uma vez que a obesidade é um problema multideterminado e questão de saúde pública na contemporaneidade

Palavras-chave

Psicologia aplicada, Carreiras - Planejamento - Aspectos psicológicos, Modelos (pessoas) - Aspectos psicológicos

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