História, memória e identidade na Guerra de Canudos: o interdiscurso nos posicionamentos do Exército Brasileiro e da Folha de São Paulo

Carregando...
Imagem de Miniatura
Data
2018
Tipo de documento
Artigo Científico
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Área do conhecimento
Ciências Sociais Aplicadas
Modalidade de acesso
Acesso embargado
Editora
Autores
Motta, Rodrigo Guimarães
Orientador
Farah, Camel André de Godoy
Coorientador
Resumo
Within and outside the academic field, the Canudos War continues to arouse not only a large number of publications, but also different readings through different discursive practices, culminating diverse discursive positions and, thus, constructing distinct memories about a same historical event. Given that the discourses are built within a space of regularities in which they are mutually delimited, this study aimed to analyze to what extent the discourse published by Folha de S. Paulo newspaper about the Canudos War on the occasion of its centenary and of the centenary of the death of Counselor would reproduce, validate and / or refute the official version of the Brazilian Army, thereby deriving the position of Folha in this regard. For this, the research was based on concepts derived from Military History (history, memory and identity) and the French Discourse Analysis (interdiscourse and positioning), which were also applied as methodological resources to a corpus of three publications. Through the analyzes, it was verified that Folha's position on this event is directly opposed to that of the Army and that, by putting into circulation a positive image of the figure of Counselor and his followers, condemning the suppression of the population of Canudos - herefore, of military intervention as it has occurred - the newspaper encourages (re) construction of a memory absolutely contrary to that conveyed by the official version of the military, validating it, even historically.
Dentro e fora da área acadêmica, a Guerra de Canudos segue suscitando não apenas um grande número de publicações, como também diversas leituras por meio de diferentes práticas discursivas, das quais culminam posicionamentos discursivos variados e, assim, a construção de memórias distintas acerca de um mesmo acontecimento histórico. Tendo em vista que os discursos se constroem no interior de um espaço de regularidades no qual se delimitam reciprocamente, este estudo teve por objetivo analisar em que medida o discurso veiculado pelo jornal Folha de S.Paulo acerca da Guerra de Canudos por ocasião do seu centenário e do centenário da morte de Conselheiro reproduziria, validaria e/ou refutaria a versão oficial do Exército Brasileiro, depreendendo daí o próprio posicionamento da Folha a esse respeito. Para tanto, a pesquisa se apoiou em conceitos advindos da História Militar (história, memória e identidade) e da Análise do Discurso francesa (interdiscurso e posicionamento), estes também aplicados como recursos metodológicos a um corpus constituído de três publicações. Por meio das análises, verificou-se que o posicionamento da Folha acerca desse evento se opõe frontalmente ao do Exército e que, ao colocar em circulação uma imagem positiva da figura de Conselheiro e de seus seguidores, condenando a supressão da população canudense – e, portanto, da intervenção militar tal como esta se deu –, o jornal fomenta a (re)construção de uma memória absolutamente contrária àquela veiculada pela versão oficial dos militares, validando-a, inclusive, historicamente.

Palavras-chave
Guerra de Canudos, Antônio Conselheiro, Exército Brasileiro, Folha de São Paulo, Posicionamento discursivo
Citação