Plácido de Castro e Rio Branco: a guerra irregular e a diplomacia na definição da fronteira norte do Brasil

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2010

Tipo de documento

Monografia

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Área do conhecimento

Ciências Sociais Aplicadas

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

Almeida, Vítor Hugo de Araújo

Orientador

Nunes, Karla Leonora Dahse

Coorientador

Resumo

This paper refers to a research of unconventional warfare and diplomatic efforts that Plácido de Castro and Rio Branco have done inside the disputes for the Acre territory, taken place on the beginning of the Twentieth Century. The literature survey was essentially pure, theoretical, explanatory and qualitative. Its general purpose was to understand a supposed connection between "the book and the sword" in that particular passage of the Brazilian Military History, in order to make the role of irregular warfare associated with the systematic use of diplomacy visible to the historical-scientific world. The unconventional warfare was a major trend of the last century, but it would achieve its most value throughout and after the World War II. In Brazil, Plácido de Castro inaugurates this kind of doing business, not anymore with a goal of expelling invaders colonialists, but to ensure a real right over territories whose ownership was not fully or precisely defined. Recruiting tappers, obtaining supplies, political and financial support by rubber growers, structuring a real insurrection, Plácido fought alongside other Brazilians and reaffirmed by arms and blood the Brazilian possession of the region. Complicating factors as the presence of exogamous interests from out of South America, the interference of the Bolivian Syndicate; previous national guidance in accepting the Bolivian possession of the disputed territory, the Peruvian interference on the issue, finally, a range of specificities turned the diplomatic arbitration into an impossible solution and forced Paranhos Júnior to show up his virtues of a statesman, allied to others related to a lawyer, an historian and a geographer. After months of fighting and negotiations to sign the Treaty of Petrópolis, Brazil has gained an area of nearly 200,000 square kilometers in exchange for small territorial, cash and business compensations. The survey did show, in its conclusion, it is possible to interpret the actions undertaken by Plácido and Rio Branco, as the combination, even with imperfect contours, of the concepts proposed by Joseph Nye of hard and soft power (smart power). Geopolitically speaking, Brazil would deserve Acre because its location, configuration of its main rivers and tributaries and its population, whose presence in the region facilitated the employment of the principle of uti possedetis already solidified at that time.
O presente trabalho se refere ao estudo da conjugação de esforços militares (irregulares) e diplomáticos empreendidos por Plácido de Castro – junto a seus seguidores – e o Barão do Rio Branco na conquista do Acre, no início do século XX. A pesquisa realizada foi essencialmente bibliográfica, pura, teórica, explicativa e qualitativa. Seu objetivo geral era compreender uma suposta relação existente entre “o livro e o sabre” nessa passagem particular da História Militar do Brasil, com o intuito de dar visibilidade no mundo histórico-científico ao papel relevante da guerra irregular associada ao uso sistemático da diplomacia. O combate não-convencional foi uma grande tendência militar do século passado, mas teria seu uso mais disseminado ao longo e após a 2ª Guerra Mundial. No Brasil, Plácido de Castro inaugura essa espécie de condução de guerra não mais com o objetivo de expulsar invasores colonialistas, mas de garantir um direito real sobre territórios cuja propriedade não estava completa ou precisamente definida. Recrutando seringueiros, obtendo suprimentos, apoio político e financeiro de seringalistas, estruturando um verdadeiro movimento insurrecional, Plácido combateu ao lado de brasileiros que reafirmaram, pelas armas e pelo sangue, a posse brasileira da região. Complicadores como a presença de interesses exógenos à América do Sul, representados na região pelo Bolivian Syndicate; a orientação anterior nacional em aceitar boliviana a porção de território naquele momento contestada; a interferência peruana sobre a questão, enfim, toda uma gama de especificidades fez com que o arbitramento se tornasse uma solução inviável e forçou que Paranhos Júnior utilizasse de virtudes de estadista, aliadas às de jurista, historiador e geógrafo. Após meses de combates e negociações, assina-se o Tratado de Petrópolis, tendo o Brasil incorporado um território de quase 200.000 km², em troca de pequenas compensações territoriais, pecuniárias e empresariais. A pesquisa buscou mostrar, em suas considerações finais, que é possível interpretar as ações empreendidas por Plácido e por Rio Branco, como a combinação, ainda que com contornos imperfeitos, dos conceitos propostos por Joseph Nye de hard e soft power (smart power). Geopoliticamente falando, o Acre já seria brasileiro pela sua localização, configuração dos principais rios e afluentes e pela população, cuja presença na região facilitou o emprego do já solidificado à época princípio do uti possedetis.

Palavras-chave

Revolução Acreana, Guerra irregular, Diplomacia, Geopolítica

Citação