A função ética da psicanálise diante do sofrimento psíquico engendrado pelo neoliberalismo.

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Data

2023-11

Tipo de documento

Tese

Título da Revista

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Área do conhecimento

Linguística, Letras e Artes

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

PARIS, Clarinice Aparecida

Orientador

MALISKA, Maurício Eugênio

Coorientador

Resumo

Esta tese investigou a função ética da psicanálise diante do sofrimento psíquico engendrado pelo neoliberalismo na contemporaneidade. Considerando que o sofrimento é atravessado pela psicopatologia do social, a pesquisa comporta o objetivo de compreender o efeito da forma-poder neoliberal na produção do sofrimento psíquico (objeto de estudo desta pesquisa), e, diante disso, o que visaria a função da escuta no discurso do analista? A metodologia apropriada se realizou por meio da pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa, buscando embasamento teórico em autores da Sociologia, da Filosofia, da Análise de Discurso, e, principalmente, da Psicanálise freudiana e lacaniana. A pesquisa foi desenvolvida em três capítulos. No primeiro tópico, partimos de uma fundamentação teórica embasada na psicanálise a respeito das noções que abarcam desde o sofrimento psíquico até a constituição do supereu na qualidade da voz imperativa do gozo, enquanto o Outro neoliberal que induz ao consumo sem limites, até alcançar, por meio da psicanálise, a transformação do gozo sintomático. No segundo ponto, analisamos como a racionalidade neoliberal engendra o sofrimento psíquico causando uma crise do sujeito neoliberal, pela negação do direto à voz. No terceiro capítulo, procuramos desvendar através da função ética da psicanálise, a transformação do sofrimento psíquico engendrado pela prática política neoliberal. Nossa proposição teórica é que a racionalidade neoliberal é a fonte causadora de sofrimento em nosso contemporâneo, por meio da voz introjetada na subjetividade, induz ao imperativo do gozo na instância psíquica denominada supereu. Adversamente a isso, em outra função, está o discurso do analista que visa escutar a voz do supereu que conduz ao sofrimento, para que o sujeito possa estar advertido do quanto essa racionalidade exerce domínio sobre o seu psiquismo, e, a partir desse saber transformar o seu sofrimento, no trilhamento do próprio desejo. Portanto, constatamos que no discurso capitalista, hoje estabelecido na racionalidade neoliberal, há a potenciação do imperativo de gozo originado do supereu. Contrariamente a essa amplificação do gozo sintomático, o discurso do analista visa a sua transformação, num alcance que transcende do singular para o social, no sentido que o ato analítico é qualitativamente equivalente a um ato político, por incidir em transmutações dos laços sociais abarcando a amplitude da sociedade.

Palavras-chave

ética da psicanálise, voz, sofrimento, neoliberalismo

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