Pombagiras na Encruzilhada: incorporação, design de aparência e desobediência de gênero
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Data
2023-03
Tipo de documento
Dissertação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Área do conhecimento
Modalidade de acesso
Acesso aberto
Editora
Autores
SANTOS, Gustavo Rocha e Silva
Orientador
MESQUITA, Cristiane
Coorientador
Resumo
Esta pesquisa cruza estudos relacionados ao corpo, gênero e design de aparência
focando na Pombagira, entidade das religiões afro-brasileiras Umbanda e Candomblé.
A metodologia inclui revisão teórica que perpassa linhas de abordagem relativas ao
corpo, às perspectivas de gênero, à composição da aparência e às práticas de
incorporação. Além desta tomada, também foi praticado o método do “pesquisador
cambono” proposto por Simas e Rufino (2019), caracterizado pela observação e
participação no campo de pesquisa. Por meio dessas estratégias, algumas das
dinâmicas do corpo no terreiro foram vivenciadas no Centro Espírita Pai Tupiara de
Umbanda Afro-Brasileira, localizado em Santos (SP), onde foram realizados
entrevistas e registros fotográficos das Pombagiras. O percurso é iniciado com uma
abordagem sobre o corpo, com recortes relativos ao gênero e à aparência, para
encaminhar questões sobre as dinâmicas identitárias e expressividades de gênero
contra-hegemônicas. Por meio de percurso histórico e apresentação sobre algumas
das práticas ritualísticas de terreiros, observam-se aspectos das relações entre corpo
e gênero na Umbanda. Nos espaços sagrados da religião, o corpo é cruzado pelo
fenômeno do transe de incorporação, caracterizado pela alternância de consciência,
bem como pela expressividade corporal e pela aparência correspondentes à entidade
incorporada. Nos momentos de transe, os corpos se reconstroem com gestualidades,
vestimentas, maquiagens e acessórios, entre outros elementos que integram sua
aparência, ora reiterando, ora desobedecendo aos princípios da heteronormatividade
que delineiam figuras masculinas ou femininas. Na incorporação da Pombagira,
algumas desobediências se manifestam, pois estas entidades se expressam como
mulheres ao mesmo tempo em que aspectos sociais associados às masculinidades
são incorporados. Neste contexto, considera-se que o corpo em transe, tornado
Pombagira, contraria noções hegemônicas de gênero e as colocam na encruzilhada
entre padrões pré-estabelecidos, subversão, expressividade e criação.
Palavras-chave
design de aparência, cruzos, corpo, gênero, Pombagira