Arbitragem feminina no futebol: um microssistema de múltiplos fatores

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Data

2023-10

Tipo de documento

Dissertação

Título da Revista

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Título de Volume

Área do conhecimento

Ciências da Saúde

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

Silva, Fatima

Orientador

Brandão, Maria Regina

Coorientador

Resumo

Ao observar a história e o contexto do futebol, constata-se a presença maciça de homens arbitrando as partidas, muito embora já existam mulheres atuando neste campo desde 1970 no Brasil. No entanto, pouco se sabe sobre como as árbitras percebem as atividades, as relações sociais e os papéis desempenhados nesse contexto. Assim, o objetivo da presente dissertação foi compreender a percepção que as árbitras de futebol possuem sobre os aspectos envolvidos no desenvolvimento de sua carreira arbitral e analisar sob a perspectiva do microssistema do Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano proposto por Urie Bronfenbrenner. Para tanto, participaram deste estudo quatro árbitras de futebol, centrais e assistentes, habilitadas há mais de um ano para competições de nível nacional e internacional, com idades entre 34 e 42 anos. As árbitras participaram de uma entrevista individual, semiestruturada que permitiram respostas abertas. A análise dos discursos foi realizada a partir dos procedimentos recomendados por Miles e Huberman (2004) e apontam que as árbitras estão imersas em um contexto que ainda é predominantemente masculino, em que há resistência por parte dos homens em relação a participação das mulheres e um ambiente no qual as árbitras são constantemente avaliadas e enfrentam desconfiança em relação à sua competência para atuar em jogos. As relações interpessoais com alguns árbitros se apresentaram, algumas vezes, de forma negativa; porém, as relações interpessoais com amigos, familiares, dirigentes e comissão de arbitragem se mostraram positivas, criando uma pré-disposição propícia para o engajamento e permanência na carreira. A dificuldade em conciliar as demandas da arbitragem com a vida pessoal foi apontada de forma unânime, mas notou-se, também, que essas árbitras possuem um sentimento de paixão pela arbitragem, preparação física e treinamento de alto nível devido as exigências do novo teste físico da FIFA, além de características pessoais que as fizeram superar barreiras e dificuldades e a desempenhar suas tarefas com aptidão, permitindo seu desempenho, apesar de um contexto que ainda se apresenta de forma não favorável às mulheres. Por fim, é interessante observar que, apesar do progresso, o que se vê na arbitragem é uma baixa representatividade feminina e a existência do preconceito. A consolidação da carreira de algumas árbitras das décadas de 1980 e 1990 é marcada pela preparação física e técnica, muita persistência e a capacidade de superar dificuldades e, para as árbitras do início do século XXI, pela preparação física e treinamento de alto nível.

Palavras-chave

Árbitras de futebol, Modelo bioecológico do desenvolvimento humano, Psicologia do esporte, Mulher no futebol

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