Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem
URI Permanente para esta coleção
Navegar
Navegando Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem por Assunto "acontecimento"
Agora exibindo 1 - 2 de 2
Resultados por página
Opções de Ordenação
Tese Acesso aberto Ensino médio na pandemia: uma prática autoral docente para além do discurso sobre inovação na educação(2021-08-08) Noble, Debbie MelloNesta tese, ancorada na Análise do Discurso franco-brasileira (Pêcheux; Orlandi), procuramos analisar como a forma-material inovação vem incidindo no campo da educação, mais especificamente na conjuntura da Reforma do Ensino Médio e no acontecimento da pandemia de Covid-19. Para isso, configuramos um arquivo que formula e faz circular um dizer sobre uma educação inovadora no País e no Estado de Santa Catarina em suas dimensões jurídica, pedagógica e dimensão transversa digital. Observamos que os documentos que compõem este arquivo (leis e resoluções, como a LDB, Lei nº 13.415/2017, Resolução n. 3/2018; Orientações Curriculares, BNCC) produzem certos efeitos de sentido para inovação na educação que determinam a prática pedagógica e o sujeito-professor. Nos documentos, este é tomado como um aplicador, que produz repetição e não pode/ não deve produzir suas próprias interpretações sobre o currículo, em contradição ao que textualizam sobre o aluno, apontando para uma necessidade de colocá-lo em posição de autoria. Isso nos levou a outro movimento de análise, que se deu a partir de entrevistas com professores da rede pública do Estado de Santa Catarina. Assim, constituímos nosso corpus de análise a partir de um recorte analítico pela noção de autoria (Orlandi; Gallo), observando os gestos de interpretação do sujeito-professor sobre inovação, bem como o funcionamento de sua prática pedagógica na pandemia. Este acontecimento-recorte (Barbosa Filho, 2018) produz deslocamentos no funcionamento da prática e na constituição dos sujeitos e sentidos. Encontramos uma posição-sujeito que marca um desentendimento em relação aos efeitos de evidência sobre inovação, o que aponta para uma possibilidade do sujeito produzir furo, resistir ao discurso sobre e, portanto, contraidentificar/se com este. Nessa posição-sujeito, há um discurso do professor, onde ele não é falado, mas, pelo contrário, fala por si. Nela, também percebemos uma relação distinta e inédita com a materialidade técnica digital (Pequeno, 2019): esta não é mais ferramenta, mas espaço de constituição do sujeito e dos sentidos. Quando imbricada no discurso pedagógico, a partir de novos gestos de interpretação do sujeito-professor, esta materialidade possibilita a produção de um discurso da inovação, a partir do qual o sujeito produz deslocamentos nos sentidos estabilizados do arquivo.Tese Acesso aberto Surdos no digital: a dimensão discursiva da Libras em espaços enunciativos informatizados(2022-09-23) Favaro, Maria HelenaNesta tese, ancorada na Análise do Discurso pecheutiana, procuramos analisar a dimensão discursiva da Libras, em sua imbricação com a materialidade técnica, nos Espaços Enunciativos Informatizados – EEIs, (GALLO; SILVEIRA, 2017). Para isso, realizamos um recorte analítico para constituir um arquivo no qual circulam dizeres de sujeitos surdos nesses EEIs, a fim de pensar o funcionamento da posição-sujeito surdo que está se constituindo nesse processo. Pensamos também a forma como as Formações Discursivas (FDs) nas quais discursos relacionados aos surdos e às línguas de sinais têm, historicamente, se constituído, seguem, também no digital, disputando sentidos e produzindo deslocamentos sobre o que é ser surdo na sociedade, e sobre a maneira como a língua de sinais esteve – e continua - no entremeio do possível/impossível de se realizar. Assim, constituímos nosso corpus de análise a partir de vídeos no Youtube e vídeos e postagens no Instagram, de sujeitos surdos cujos discursos, por vezes contraditórios entre si, estão submetidos à mesma normatização técnica. Observamos que a normatização do digital (GALLO; SILVEIRA, 2017), que permite que diferentes materialidades significantes atuem em composição (LAGAZZI, 2012) para uma produção discursiva que se constitui visuoespacialmente e que circule em diferentes EEIs, se configura enquanto uma forma inédita de o sujeito surdo sinalizante assumir uma posição de autoria sobre sua própria discursividade, em sua língua – a língua de sinais, na forma-discurso de escritoralidade (GALLO, 2011a), provocando o importante deslocamento do discurso sobre o surdo para o discurso do surdo. Ao olharmos para diversos vídeos de um canal do Youtube, criado por um sujeito surdo sinalizante, compreendemos que a maneira como a imbricação da Libras com a materialidade técnica digital provoca um acontecimento discursivo ao deslocar sentidos tanto sobre a língua quanto sobre o sujeito surdo, sentidos estes que se constituíram nas diversas formas pelas quais, historicamente, a língua de sinais e a forma de existir enquanto sujeito surdo foram socialmente deslegitimados e desautorizados. Neste canal, discursos sobre e em Libras circulam, pela primeira vez, sem mediação, ampliando a possibilidade de interlocução, também nesta língua, da discursividade surda para além da comunidade surda, anunciando, assim, um efeito-autor que situa o sujeito surdo na função-autor, legitimada pela circulação.