Sexualidade no contexto escolar: concepções e práticas sobre sexualidade entre orientadores educacionais (1990-2020)
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Data
2020
Tipo de documento
Dissertação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Área do conhecimento
Ciências Humanas
Modalidade de acesso
Acesso aberto
Editora
Autores
Limia, Juliana Pereira
Orientador
Cruz, Tânia Mara
Coorientador
Resumo
Sexuality is still a controversial issue, causing discomfort among many education professionals. Since the publication of the National Curriculum Parameters (PCN) and other subsequent documents, including the National Guidelines for the Pedagogy course, the topic of sexuality could be addressed in a transversal way, ensuring the teachers' work; however, with the new National Education Plan and the construction of the new National Common Curricular Base (BNCC), gender and sexuality issues were partially removed from the curriculum proposals for basic education. Even though the theme of sexuality has been little approached in the curriculum prescribed, there are countless occasions when educational counselors must take actions in the school routine regarding this subject. The educational counselor can be a mediator within the school, dealing with this tension, as long as she/he has theoretical support and the correct tools to make this happen, thus encouraging teachers concerning this work. Some questions guided the research: Was sexuality addressed in some way by the educational counselors? Were the actions limited to the appearance of the episodes, or did they imply intentionality and planning? The research had the general objective of analyzing educational counselors' practices on sexual education with children and adolescents. As specific objectives, we sought to identify the educational counselors' practices in the school context regarding sexuality; and to interpret and analyze the worldviews and in which theoretical basis they were anchored within the studies of sexuality, gender, and sex. The theoretical framework for this research and analysis includes the use of the categories of gender relations and the feminist studies from a historical and dialectical materialist perspective. As a theoretical framework, Marxist references from E.P. Thompson (1981), Konder (2008) and Tonet (2014) were adopted; for dialogue regarding the educational and political context in Brazil, Saviani (2003), Fontes (2013) and Simionatto (1997); on public policies on sexuality and gender, Viana and Unbehaum (2016); on the historical context of educational guidance, Grinspun (2003); for gender and feminism, Biroli (2018), Garcia (2015) and Cruz (2014); on sexuality, Reich (1974, 2001), Foucault (1993,1999); sex education, Figueiró (2010; 2014) and Nunes (1996), and other works found in the production survey on the theme. The research was carried out through semi-structured interviews with three educational counselors working in State and Municipal public schools of Santa Catarina. The analyses and results indicate that the educational counselors interviewed work at school with issues of sexuality within the emancipatory approach of Sexual Education through the student’s critical education; they act with children and adolescents through direct interventions that involve projects, and indirect interventions with daily and affirmative practices in the themes of gender and sexuality. Even in the face of difficulties and setbacks in public policies in relation to gender and increased families' fear on the subject, it is possible to observe the continuity of good practices from educational counselors with solid sexual education background and an emancipatory conception that seeks social transformations.
Keywords: Gender; Sexuality; Educational Counseling; Sex Education Emancipatory.
A sexualidade ainda é um assunto polêmico, gerando desconforto em muitos profissionais da área da educação. Desde os Parâmetros Curriculares Nacionais e outros documentos posteriores, entre eles as Diretrizes Nacionais para o curso de Pedagogia, o tema sexualidade podia ser trabalhado de forma transversal, assegurando o trabalho desse profissional; contudo, com o novo Plano Nacional de Educação e a construção da nova Base Nacional Comum Curricular, as questões de gênero e sexualidade foram parcialmente retiradas das propostas curriculares da Educação Básica. Mesmo que a temática da sexualidade tenha sido pouco trabalhada no currículo prescrito, são inúmeras as ocasiões em que orientadoras/es educacionais são solicitadas/os a atuar no cotidiano escolar referente a este assunto. O/A orientador/a educacional pode ser mediador/a dentro da escola ao fazer esse tensionamento, desde que tenha suporte teórico e ferramentas corretas para que isso aconteça, podendo, assim, incentivar os/as professores/as em relação a esse trabalho. Algumas questões nortearam a pesquisa: a temática da sexualidade era abordada de algum modo pelos/as orientadores/as educacionais? As ações eram restritas ao surgimento dos episódios ou implicavam intencionalidade e planejamento? A pesquisa teve como objetivo geral analisar as práticas de orientadores/as educacionais sobre educação sexual com crianças e adolescentes. Como objetivos específicos, buscou-se identificar as práticas utilizadas pelos orientadores/as educacionais no contexto escolar referente à sexualidade; e interpretar e analisar as visões de mundo e em quais concepções teóricas se ancoravam dentro dos estudos de sexualidade, gênero e sexo. O referencial teórico para pesquisa e análise engloba o uso da categoria relações de gênero e os estudos feministas a partir de um viés materialista histórico e dialético. Como referencial teórico adotaram-se referências marxistas de Thompson (1981), Konder (2008) e Tonet (2014); para diálogo referente ao contexto educacional e político no Brasil, Saviani (2003), Fontes (2013) e Simionatto (1997); sobre políticas públicas de sexualidade e gênero, Viana e Unbehaum (2016); sobre o contexto histórico da Orientação Educacional, Grinspun (2003); para gênero e feminismo, Biroli (2018), Garcia (2015) e Cruz (2014); sobre sexualidade, Reich (1974, 2001), Foucault (1993, 1999); sobre Educação Sexual, Figueiró (2010, 2014) e Nunes (1996), e demais trabalhos encontrados no levantamento de produção sobre a temática. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com três orientadoras educacionais atuantes em escolas da rede pública estadual e municipal de Santa Catarina. As análises e resultados apontam que as orientadoras educacionais entrevistadas trabalham na escola com questões da sexualidade dentro da abordagem emancipatória da educação sexual por meio da formação crítica do educando; suas ações se dão por meio de intervenções diretas que envolvem projetos, assim como intervenções indiretas com práticas diárias e afirmativas nas temáticas de gênero e sexualidade, com as crianças e os adolescentes. Mesmo diante das dificuldades e retrocessos nas políticas públicas em relação a gênero e sexualidade e maior temor das famílias, pode-se observar a continuidade de boas práticas, a partir de orientadoras educacionais com sólida formação em educação sexual, de uma concepção emancipatória que busca transformações sociais.
A sexualidade ainda é um assunto polêmico, gerando desconforto em muitos profissionais da área da educação. Desde os Parâmetros Curriculares Nacionais e outros documentos posteriores, entre eles as Diretrizes Nacionais para o curso de Pedagogia, o tema sexualidade podia ser trabalhado de forma transversal, assegurando o trabalho desse profissional; contudo, com o novo Plano Nacional de Educação e a construção da nova Base Nacional Comum Curricular, as questões de gênero e sexualidade foram parcialmente retiradas das propostas curriculares da Educação Básica. Mesmo que a temática da sexualidade tenha sido pouco trabalhada no currículo prescrito, são inúmeras as ocasiões em que orientadoras/es educacionais são solicitadas/os a atuar no cotidiano escolar referente a este assunto. O/A orientador/a educacional pode ser mediador/a dentro da escola ao fazer esse tensionamento, desde que tenha suporte teórico e ferramentas corretas para que isso aconteça, podendo, assim, incentivar os/as professores/as em relação a esse trabalho. Algumas questões nortearam a pesquisa: a temática da sexualidade era abordada de algum modo pelos/as orientadores/as educacionais? As ações eram restritas ao surgimento dos episódios ou implicavam intencionalidade e planejamento? A pesquisa teve como objetivo geral analisar as práticas de orientadores/as educacionais sobre educação sexual com crianças e adolescentes. Como objetivos específicos, buscou-se identificar as práticas utilizadas pelos orientadores/as educacionais no contexto escolar referente à sexualidade; e interpretar e analisar as visões de mundo e em quais concepções teóricas se ancoravam dentro dos estudos de sexualidade, gênero e sexo. O referencial teórico para pesquisa e análise engloba o uso da categoria relações de gênero e os estudos feministas a partir de um viés materialista histórico e dialético. Como referencial teórico adotaram-se referências marxistas de Thompson (1981), Konder (2008) e Tonet (2014); para diálogo referente ao contexto educacional e político no Brasil, Saviani (2003), Fontes (2013) e Simionatto (1997); sobre políticas públicas de sexualidade e gênero, Viana e Unbehaum (2016); sobre o contexto histórico da Orientação Educacional, Grinspun (2003); para gênero e feminismo, Biroli (2018), Garcia (2015) e Cruz (2014); sobre sexualidade, Reich (1974, 2001), Foucault (1993, 1999); sobre Educação Sexual, Figueiró (2010, 2014) e Nunes (1996), e demais trabalhos encontrados no levantamento de produção sobre a temática. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com três orientadoras educacionais atuantes em escolas da rede pública estadual e municipal de Santa Catarina. As análises e resultados apontam que as orientadoras educacionais entrevistadas trabalham na escola com questões da sexualidade dentro da abordagem emancipatória da educação sexual por meio da formação crítica do educando; suas ações se dão por meio de intervenções diretas que envolvem projetos, assim como intervenções indiretas com práticas diárias e afirmativas nas temáticas de gênero e sexualidade, com as crianças e os adolescentes. Mesmo diante das dificuldades e retrocessos nas políticas públicas em relação a gênero e sexualidade e maior temor das famílias, pode-se observar a continuidade de boas práticas, a partir de orientadoras educacionais com sólida formação em educação sexual, de uma concepção emancipatória que busca transformações sociais.
Palavras-chave
Gênero, Sexualidade, Orientação Educacional, Educação Sexual Emancipatória