Trajetórias de diretoras negras na educação básica de Tubarão/SC: barreiras raciais e ascensão social

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Data

2020

Tipo de documento

Dissertação

Título da Revista

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Área do conhecimento

Ciências Humanas

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

Corrêa, Aleida Cardoso

Orientador

Cruz, Tânia Mara

Coorientador

Resumo

This work intends to reveal in the present voices of the interviewed black directors,the construction of their ethnic–racial and social identities and heir trajectories in the direction of public schools. Black women build their identities by swimming in wild and deep waters, in difficult structural conditions within racerelations, gender and social class,particularly in the teaching profession. This research seeks to life trajectory of black women who followed the teaching career: the difficulties encountered along the course of academic, personal and professional; their experiences, expectations, frustrations and the breaking of the blockade of exclusion until entering the exercise of its public activity that in volves power relations and her professional rise as public school principals. Its general objective understand the trajectory of black teachers to principals in basic education schools in the city of Tubarão in its dynamics of gender social relations with racial ethnic profile. As specific objectives: to know the path and the confrontation black women within sociability spaces at school and outside it; investigate the academic and professional trajectory of black directors in the process of building their identities; to analyze the black teacher’s social ascension process to positions direction at school as a space for leadership and a strategic place of resistance in race, gender and class relations. This research was developed based on the Marxist references from Thompson (1992) and Davis (2016); in referentials related to race by Munanga (2003, 2005-2006), Guimarães (2002) and Schwarcz (1998); and in the references of intersectional feminism class, race and gender from feminists. Americans and Brazilians like Davis (2016), Lorde (2012), Hooks (1995), Collins (2002), Carneiro (2009), Gonzalez (1983, 1988), Gomes (1995), Ribeiro (2017, 2018), and Werneck (2002). Thematic oral history was used as the methodology, as it is one that presents a central theme and in which the interviews turn to the development of a specific theme, in this case the life story related to the trajectory of the ascension of black teachers to management positions, from interviews with black directors based on a semi-structured script. The results speak of the existence of prejudice and racial discrimination experienced in their lives, both outside and inside the schools space, with a common thread which refers to similarities in the experiences of these women, as a feeling of not belonging in academic spaces and self-perception of the need to act for the deconstruction of practices to combat racism due to the difficult position held. The search for information possibilities and understanding of the importance of its social representativeness within these spaces of construction of its identity individual or collective is permeated by the issue of social colorism or self-attribution black and the different racial consequences for the daily lives of these women. On the other hand, there was little relationship with social movements and an understanding more theoretical theory about race. Finally, it is worth thinking about the still little presence of black women in positions of power in the public school and the lack of studies on these experiences. Keywords: Black women. Directors. Gender relations. Basic education.
Este trabalho pretende desvelar nas vozes presentes das diretoras negras entrevistadas, o processo de construção de suas identidades étnico-raciais e sociais e suas trajetórias na direção de escolas públicas. Mulheres negras constroem suas identidades nadando em águas revoltas e profundas, em difíceis condições estruturais dentro das relações raciais, de gênero e de classe social, particularmente na profissão docente. Esta pesquisa busca a trajetória de vida de mulheres negras que trilharam pela carreira do magistério: as dificuldades encontradas ao longo do percurso de formação acadêmica, pessoal e profissional; suas experiências, expectativas, frustrações e o rompimento do bloqueio da exclusão até adentrar no exercício de sua atividade pública que envolve relações de poder e sua ascensão profissional como diretoras de escolas públicas. Tem como objetivo geral compreender a trajetória de professoras negras a diretoras nas escolas de educação básica da cidade de Tubarão em sua dinâmica das relações sociais de gênero com recorte étnico racial. Como objetivos específicos: conhecer o percurso e o enfrentamento de mulheres negras dentro dos espaços de sociabilidade na escola e fora dela; investigar a trajetória acadêmica e profissional de diretoras negras no processo de construção de suas identidades; analisar o processo de ascensão social da professora negra para cargos de direção na escola como um espaço de liderança e lugar estratégico de resistência nas relações de raça, gênero e classe. Esta pesquisa foi desenvolvida com base nos referenciais marxistas a partir de Thompson (1992) e Davis (2016); nos referenciais relativos à raça por Munanga (2003, 2005-2006), Guimarães (2002) e Schwarcz (1998); e nos referenciais do feminismo interseccional classe, raça e gênero a partir de feministas estadunidenses e brasileiras como Davis (2016), Lorde (2012), Hooks (1995), Collins (2002), Carneiro (2009), Gonzalez (1983, 1988), Gomes (1995), Ribeiro (2017, 2018) e Werneck (2002). Como metodologia utilizou-se a história oral temática, por ser aquela que apresenta um tema central e em que as entrevistas se voltam ao desenvolvimento de um tema determinado, no caso em questão a história de vida relacionada à trajetória de ascensão de professoras negras a cargos de direção escolar, a partir de entrevistas com diretoras negras com base em um roteiro semiestruturado. Os resultados falam da existência do preconceito e da discriminação racial vivenciados no decurso de suas vidas, tanto fora quanto dentro do espaço escolar, com um fio condutor que remete para semelhanças nas vivências por essas mulheres, como sentimento de não pertencimento nos espaços acadêmicos e autopercepção da necessidade de agir para a desconstrução de práticas de combate ao racismo em função do difícil cargo ocupado. A busca de informações, possibilidades e entendimento da importância de sua representatividade social dentro desses espaços de construção de sua identidade individual ou coletiva é perpassada pela questão do colorismo social ou na autoatribuição da cor negra e as diferentes consequências raciais para o cotidiano dessas mulheres. Em contrapartida, observou-se pouca relação com os movimentos sociais e uma compreensão teórica mais genérica sobre raça. Cabe pensar, por fim, sobre a ainda pouca presença de mulheres negras em cargos de poder na escola pública e a falta de estudos sobre essas experiências.

Palavras-chave

Mulheres negras, Diretoras, Relações de gênero, Educação básica

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