A noção de risco no discurso contemporâneo da administração: sentidos e silenciamento no empreendedorismo

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Data

2021

Tipo de documento

Tese

Título da Revista

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Área do conhecimento

Linguística, Letras e Artes

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

Sorato, Realdo José

Orientador

Rauen, Fábio José

Coorientador

Furlanetto, Maria Marta

Resumo

Este trabalho tematiza o discurso contemporâneo do campo da Administração, focalizando mais especificamente o empreendedorismo, tendo como objetivo geral verificar como sujeitos autores materializam, sob a perspectiva discursiva, sentidos associados ao empreendedorismo a partir do objeto risco, incluindo o silenciamento. Entende-se que os sentidos podem deslizar de um campo semântico carregado de negatividade, quando produzidos por sujeitos autores, para outro de positividade no discurso contemporâneo do empreendedorismo, quando interpretados por sujeitos empreendedores. Utilizando como base o dispositivo teórico-analítico desenvolvido pela Análise de Discurso de linha francesa, procede-se à análise de enunciados selecionados de obras dos autores Peter F. Drucker e Ronald J. Degen, buscando identificar possíveis efeitos de sentido do ponto de vista de empreendedores. O estudo define como espaço discursivo o campo econômico e de poder enunciativo da Administração, aproximando-o aos conceitos desenvolvidos por Pierre Bourdieu na obra O poder simbólico (1998[1989]). Eni P. Orlandi é a autora fundamental quanto às noções-chave da Análise de Discurso. Uma pesquisa histórica do objeto risco fez-se necessária para sua contextualização na trajetória temporal, identificando-se que ele deslizou de simples jogos de azar até objeto sério de análise matemática. No espaço destinado à análise, uma tripartição reflete o intuito de separar os assuntos que a compõem, destinando-se a primeira parte aos enunciados de Drucker, a segunda aos de Degen, e a terceira aos mitos, tendo-se observado, no decurso da análise, a existência de traços míticos nas manifestações discursivas. A conclusão é que, a depender das condições de produção e análise dos sujeitos envolvidos – autores e empreendedores –, efeitos de sentido atribuídos ao objeto risco podem sofrer silenciamento quanto a sua negatividade, preconizada pelos autores, deslizando para positividade, interpretada pelos empreendedores. Defende-se a ideia de que, se com a linguagem enunciados são produzidos, é pela análise e compreensão desses enunciados – expostos pela textualidade – que se pode chegar ao funcionamento de discursos, o que torna possível experimentar sentidos diferentes. A observação da não linearidade da memória na interdiscursividade, bem como aparentes lacunas enunciativas, podem servir de pistas ao analista em seu percurso de análise, interpretação e compreensão de enunciados. Como o trabalho do analista é, basicamente, o de um arqueólogo, encontrando as pistas certas consegue perceber outras formas de analisar um enunciado que, do ponto de vista formal, seria o mesmo. Este estudo aponta possibilidades de análise de enunciados emitidos por sujeitos vinculados diretamente ao campo enunciativo da Administração sob a óptica da Análise de Discurso – enunciados que movimentam diferentes concepções e que podem, a depender do objeto analisado – risco, no presente caso – originar reflexões bastante relevantes a quem queira se aventurar no mundo do empreendedorismo.

Palavras-chave

Discurso, Administração, Empreendedorismo, Risco, Mitologia

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