Treinadoras futebol no Brasil: o processo de relação entre os atributos pessoais e o contexto ao longo da carreira

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Data

2021

Tipo de documento

Dissertação

Título da Revista

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Título de Volume

Área do conhecimento

Ciências da Saúde

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

Mastrocola, Ana Paula

Orientador

Brandão, Maria Regina Ferreira

Coorientador

Resumo

O objetivo do presente estudo foi compreender o processo de relação entre os atributos pessoais das treinadoras de futebol no Brasil e o contexto ao longo da carreira, sob a perspectiva do Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano. O modelo postula que o desenvolvimento da pessoa é resultado da interação e das modificações geradas reciprocamente entre ela e o ambiente ao qual está inserida. Participaram deste estudo oito treinadoras de futebol, brasileiras, em atuação, com idade superior a 18 anos e com o mínimo de dois anos de experiência em equipes masculinas e/ou femininas nas diferentes categorias do futebol. As treinadoras participaram de uma entrevista individual, semiestruturada de repostas abertas. A análise das entrevistas foi realizada de acordo com os procedimentos de Miles e Huberman (2004). Os resultados mostraram que as treinadoras estão inseridas em um contexto que ainda é culturalmente masculino, que apresenta resistência por parte dos homens em relação às mulheres, seja atleta ou treinadora, um ambiente no qual as treinadoras são avaliadas constantemente e a desconfiança sobre a sua competência em treinar equipes aparece com frequência. As relações interpessoais com dirigentes e comissão técnica se apresentou muitas vezes de forma negativa; porém, as relações interpessoais com a família, amigos e atletas se mostraram positivas, atraindo uma disposição geradora para o engajamento e permanência na carreira. Observou-se, também, que essas treinadoras possuem um sentimento de paixão pelo futebol e pela carreira, além de atributos pessoais (disposições, recursos e demandas) que se mostraram tão fortes que as fizeram superar as barreiras, as dificuldades e desempenhar suas tarefas com competência, permitindo, assim, a ocorrência dos processos proximais, apesar de um contexto que se apresenta de forma desfavorável às mulheres. Finalmente, pode-se considerar que não há dúvidas sobre o lugar de destaque que o futebol ocupa no mundo, mobilizando milhões de pessoas. No Brasil, chegou em 1895, trazido por Charles Miller, e logo se popularizou e transformou-se em esporte de massa no país. Entretanto, as mulheres não pertenciam a esse contexto, foram interditadas, proibidas de sua prática, assim como não pertenciam ao contexto esportivo em geral, dominado por uma sociedade predominantemente de práticas masculinas. Apesar da inserção das mulheres ter sido conflituosa, com a insistência se observou, ao longo do tempo, uma progressiva equalização de gêneros nas práticas esportivas. E, embora as assimetrias venham sendo superadas, o acesso aos cargos técnicos e diretivos ainda é um dos maiores desafios para as mulheres dentro do cenário esportivo, pois o que se vê, principalmente no futebol, é uma baixa representatividade, a existência do preconceito e a dificuldade em transpor barreiras.

Palavras-chave

treinadoras de futebol, Futebol, Carreira, Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano.

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