O silêncio que me Toca: efeitos de sentido, silenciamento e constituição do sujeito da Toca

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Data
2017
Tipo de documento
Dissertação
Título da Revista
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Título de Volume
Área do conhecimento
Linguística, Letras e Artes
Modalidade de acesso
Acesso aberto
Editora
Autores
Silva, Guilherme Araujo
Orientador
Gallo, Solange Maria Leda
Coorientador
Resumo
Toca is the name traditionally used to name a rural afrodescendant community, located in Paulo Lopes' city, about 70 kilometers from the capital state , Florianópolis. In this work, it was analyzed a way of changing from (Toca), to Santa Cruz, this process of (re) naming / deletion is simultaneous with another one, the silencing of afrodescendant subjects in that community. Corpus of analysis was composed by multiple documents produced about the Paulo Lopes' afrodescendants, included official letters, baptism records, state newspaper ads, television news, printed reports and bibliographies about Paulo Lopes (HEERDT, 1988, MACHADO, 1993 and Geremias, 2003) and also Desterro - now Florianópolis' city (CARDOSO, 2000, PIAZZA, 1975a, 1975b, 1982). Similarly, interviews were made with the five oldest residents in that community, as well a investigation of 25 profiles on Facebook in search of statements produced by them. The system used to research was built based on the theoretical and analytical scope of Discourse Analysis of the French language (AD). Historically submitted to a servitude work way, afrodescendant from that community did not make by themselves, written documents. The Toca, which in the oral speech, designates the place and its inhabitants - the place of the blacks in Paulo Lopes - after a effective action of the Catholic Church, was named Santa Cruz. After this, the entire process of land regularization, by INCRA, to regulate the community as a quilombo, takes this denomination (Santa Cruz) as a reference. The processes analyzed have led to the erasure / silencing the subject-form, typical oral discourse, of afrodescendants from region slaves. This analysis allowed us to show, in this way, the subjects inside the institutionalition of the Santa Cruz quilombo.
Toca é o nome tradicionalmente utilizado para nomear uma comunidade negra rural, localizada no município de Paulo Lopes, distante aproximadamente 70 quilômetros da capital do Estado, Florianópolis. Nesta dissertação, analisamos o movimento de deslocamento de sentido desse nome (Toca), para o nome Santa Cruz, um processo de (re)nomeação/apagamento que é simultâneo a um outro processo de silenciamento dos sujeitos negros daquela comunidade. Nosso corpus de análise foi composto por múltiplas materialidades produzidas acerca do negro, que localizamos em cartas oficiais, registros de batismo, anúncios em jornais estaduais, reportagens televisivas e impressas, bibliografias sobre Paulo Lopes (HEERDT, 1988; MACHADO, 1993; e GEREMIAS, 2003) e também Desterro - atual Florianópolis (CARDOSO, 2000; PIAZZA, 1975a; 1975b; 1982). Da mesma forma, realizamos entrevistas com os cinco moradores mais idosos daquele lugar, bem como investigamos os perfis de 25 deles no Facebook em busca de enunciados produzidos por eles. Nosso dispositivo foi construído com base no escopo teórico e analítico da Análise de Discurso da vertente francesa (AD). Historicamente submetidos a um regime de servidão, os negros daquela comunidade não se constituíram no discurso de escrita. A Toca, que no discurso oral designa o lugar e seus moradores - o lugar dos negros de Paulo Lopes - após a atuação mais efetiva da Igreja Católica naquele município, é nomeada Santa Cruz. Depois disso, todo o processo de regularização do território, pelo INCRA, para institucionalizar a comunidade como quilombo, toma essa nomeação (Santa Cruz) como referência. Os processos que analisamos têm levado ao apagamento/silenciamento de uma forma-sujeito, própria do discurso de oralidade, na qual se inscrevem os sujeitos negros, descendentes dos negros escravizados da região. Nossa análise permitiu mostrar que, dessa forma, esses sentidos vão se deslocando para a institucionalidade do quilombo Santa Cruz.

Palavras-chave
Negro, Quilombo, Análise de discurso
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