Ninguém morre em média: a Covid-19 no Jornal Nacional e a objetividade (im)possível do jornalismo de dados

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Data

2023-07-14

Tipo de documento

Dissertação

Título da Revista

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Área do conhecimento

Linguística, Letras e Artes

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

Falconi, Thomas

Orientador

Silveira, Juliana da

Coorientador

Resumo

Esta dissertação tem como tema a relação entre o jornalismo de dados e a pandemia de Covid-19 a partir da cobertura realizada pelo Jornal Nacional em um momento no qual o Governo Federal alterou e suspendeu a divulgação diária do número de mortos e de infectados pelo coronavírus no Brasil. Trazemos como base teórica a análise de discurso franco-brasileira a partir de Michel Pêcheux e Eni Orlandi, além de outros autores contemporâneos da mesma linha, em um batimento com teóricos do jornalismo e de outros campos, para pensar teoricamente o que são dados, como o jornalismo se fundamenta enquanto produto e prática, as relações entre jornalismo e dados e também a pandemia como acontecimento histórico. Buscamos compreender os deslocamentos nas posições-sujeito que constituem o discurso jornalístico e atravessam os arquivos sobre números de mortes por Covid-19 no Brasil a partir da prática de jornalismo de dados pelo Jornal Nacional durante a pandemia. Questionamos os deslizamentos de sentido que a pretensa objetividade, tida como fundamental para a constituição da posição-sujeito jornalista, sofre ao encontrar de diferentes maneiras os dados sobre mortes e contaminações que precisam ser diariamente formulados e colocados em circulação por alguma instituição. Para realizar nossas análises, recortamos edições do Jornal Nacional relativas à cobertura sobre omissões de dados por parte do Governo Federal, o que resultou na criação do Consórcio de Veículos de Imprensa, que reuniu diferentes veículos midiáticos, como Folha de São Paulo, O Globo e UOL. A criação do Consórcio surge em meio a uma ruptura no ritual diário de exibição dos dados no Jornal Nacional na qual percebe-se, além da espetacularização da cobertura, uma inclinação do telejornal a tomar os dados como sendo a única forma de se noticiar a pandemia de Covid-19. Pudemos observar um sujeito-jornalista deslocado pela ruptura nos sentidos de oficialidade dos dados que o Consórcio fez aparecer. Concluímos que, após essa ruptura, houve o surgimento de uma nova posição-sujeito, alinhada com as novas formas de legitimação que se dão em um mundo informatizado.

Palavras-chave

Análise do Discurso, Discurso Jornalístico, COVID-19, Jornal Nacional, Jornalismo de dados

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