Distopias do hoje: as semelhanças das narrativas distópicas Black Mirror e The Handmaid’s Tale com o contemporâneo brasileiro..

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Data

2021-08-19

Tipo de documento

Tese

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Área do conhecimento

Linguística, Letras e Artes

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

EDRAL, Adriana Stela Bassini

Orientador

Cernicchiaro, Ana Carolina

Coorientador

Resumo

Esse trabalho se situa no abrangente tema da indústria cultural. O termo é cunhado por Adorno e Horkheimer e trata de criticar as produções realizadas de forma industrializada. Aqui, utiliza- se, especificamente, dois objetos dessa indústria cultural: The Handmaid’s Tale (2017) e Black Mirror (2013), que possuem em comum sua característica distópica. Os argumentos que sustentam esse trabalho são que, primeiramente, narrativas utópicas e distópicas podem falar sobre o tempo que presenciam. No caso das utopias, elas podem ser vistas como uma documentação da esperança por um mundo melhor, de maneira que foi inspiração para grande pensamentos políticos, como o socialismo. Já as distopia parecem documentar também um tempo contemporâneo, uma vez que se assemelham a narrativas autoritárias e fascistas que estão em ascensão em vários lugares do mundo. No caso brasileiro em específico, olha-se para essas narrativas com um olhar atento às semelhanças entre os elementos da narrativa e para os acontecimentos políticos atuais no país. Sendo assim, a pesquisa procura responder a seguinte pergunta: o que há nessas narrativas que falam tão intimamente sobre o contemporâneo no Brasil? Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica a respeito de temas como utopias e distopias, como também foi analisado o contexto do consumo de televisão e narrativas audiovisuais no mercado brasileiro. A análise foi feita de maneira a comparar os elementos presentes nas narrativas com os cenários políticos, sociais e econômicos do Brasil contemporâneo. No caso do seriado Black Mirror percebe-se como o projeto de “limpeza racial” é presente na contemporaneidade brasileria além do poder das classes mais altas no país conservados a partir da espetacularização da política e “estetização” de um golpe contra os processos democráticos brasileiros. Também é percebida a espetacularização do discurso de ódio e da difusão das fake news como força impulsionadora de votos para o atual presidente. No caso de The Handmaid’s Tale, há semelhanças no que se refere à proximidade com a objetificação do corpo feminino, muito semelhante ao Brasil da escravização do corpo negro e que ainda ecoa na sociedade contemporânea em forma de racismo institucional e sexismo. Também percebe-se que tanto The Handmaid’s Tale quanto o Brasil tem políticas semelhantes pautadas no fundamentalismo religioso, tendo como consequência a manutenção impositiva da mulher em lugares de objetificação, que resultam em violências simbólicas e físicas. Por fim, percebe-se que o governo brasileiro, engendrado em uma miscelânea fundamentalista e neoliberal produz uma narrativa distópica a respeito do presente e do futuro do país.

Palavras-chave

Indústria Cultural, The Handmaid’s Tale, Black Mirror, Distopia, Brasil

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