Rostos severinos

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Data

2013

Tipo de documento

Dissertação

Título da Revista

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Área do conhecimento

Linguística, Letras e Artes

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Editora

Autores

Luz, Júlio César Alves da

Orientador

Brandão, Alessandra Soares

Coorientador

Resumo

A problematização da perspectiva despotencializadora que enquadra a figura do imigrante nordestino numa leitura miserabilista, vitimizante, historicamente estigmatizada numa reprodução reducionista nas telas cinematográficas e televisivas, constitui o objeto deste estudo. Dedicado a repensá-la, a partir dos personagens interpretados por José Dumont em O Homem que Virou Suco (1979) e Morte e Vida Severina (1981), este trabalho coloca em questão, a partir da política do rosto, a imagem estereotipada que a remete a uma identidade vazia. Numa alusão à acepção generalizante que no poema de João Cabral de Melo Neto torna-se metáfora para designar o gênero de vida que marca os homens e mulheres ordinários do sertão nordestino, trata-se do rosto severino que o remete ao aglomerado indistinto de uma massa de deserdados, identificados nos supostos traços de uma imagem engessada reproduzida. São rostos que já se tornaram bastante conhecidos pela visibilidade que atingiram no cinema e nas mídias, mas que sob um problemático ângulo cristalizado permanecem, em geral, confinados num retrato que os expõe coadunando com os espaços explorados sob o duplo signo da miséria e da violência espetacularizada. Na busca, contudo, de outro traçado que os liberte dos aspectos identitários que, sob as estratégias midiáticas de leitura, insistem em rebaixá-lo ao qualquer rosto nordestino, esta pesquisa propõe repensar essa figura histórica do cinema nacional. Para tanto, assume uma perspectiva que procura, nos personagens interpretados por Dumont, expressões potenciais de homens singulares que superam aquela imagem estigmatizante, e que desfaçam, desse modo, os contornos aprisionadores que encerram esses homens ordinários de rosto severino na moldura de um quadro despotencializador, numa visão alienante de seu universo.
The criticism of the perspective that frames the figure of the northeastern immigrant into a victimizing reading, historically stigmatized in a reductionist representation in films and television shows, is the subject of this study. Meant to rethink it, considering the characters played by José Dumont in O Homem que Virou Suco (1979) and Morte e Vida Severina (1981), this study calls into question, as of politics of face, the stereotypical image which refers to an empty identity. In reference to the generalizing acceptation which in João Cabral de Melo Neto s poem becomes a metaphor to designate the kind of life that marks the ordinary men and women of the northeastern hinterlands, it is what we call "rosto severino", which degrades them to the indistinct cluster of disinherited beings, identified in the supposed traits of a plastered image reproduced. They are faces that have become well known due to the visibility that hit in movies and media, but under a problematic crystallized angle generally remain confined in a portrait which represents them in environments that are explored under the double sign of misery and spectacularized violence. However, on the pursuit of another path that delivers them from identity aspects which, through media reading strategies, insist to demote them to just another northeastern face, this research proposes reconsidering this historical figure of the national cinema. To do so, it assumes a perspective that seeks, through the characters played by Dumont, potential expressions of singular men which overcome that stigmatizing image, thereby undoing the imprisoning contours that enclose these ordinary men with rosto severino into a victimizing profile, in an alienated view of their universe.

Palavras-chave

Semiótica, Análise do discurso, Cinemas, Política e educação, Imigrantes na literatura

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