Vozes participantes na escola: a autoria em diários de leituras de estudantes do ensino médio
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Data
2020
Tipo de documento
Tese
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Área do conhecimento
Linguística, Letras e Artes
Modalidade de acesso
Acesso aberto
Editora
Autores
Ribeiro, Vinicius Valença
Orientador
Furlanetto, Maria Marta
Coorientador
Resumo
The present study approaches interpretation and authorship processes in reading journals produced by students attending Integrated High School at Sergipe Federal Institute of Education, Science and Technology. The journals were written by two second-year classes during didactic intervention included as an item in the annual plan for Portuguese Language classes. Among the journals, Two were selected to be analyzed. The interpretive and authorial processes in the utterances are examined by a discursive perspective which involves the postulates about discourse, interpretation, authorship and discursive memory in discourse analysis as they are developed in Possenti (2009, 2013), Furlanetto ( 2008, 2010, 2011, 2014, 2015) Orlandi (2006 [1983], 2007a, 2007b, 2008 [1988), 2012) Pêcheux (2009 [1975], 2015 [1983], 1999 [1983]) and Maingueneau (2004, 2006, 2008a, 2008b [1995], 2010, 2015a). The conceptions about style in Possenti (2008 [1988]) and the ideas developed by Maingueneau about discursive ethos (2006, 2008a, 2010, 2015b, 2016b, 2018 [2005]) are also central aspects in the research. In addition, some interdisciplinary relations are made, especially with concepts developed by the Bakhtin Circle (1986 [1929], 1987 [1965], 2010 [1979], 2013 [1940-1945]) whose conceptions of genre, style and author are part of the theoretical basis. The research tries to understand how the authorial gestures are constituted in the two reading journals. The hypothesis is that one of the characteristics of this genre is the openness to enunciative-discursive heterogeneity. Therefore, the journal seems to allow the occurrences of utterances which in general are outside the order of pedagogical discourse in its specific configuration, which in this study is called conventional first language education. The discursive plasticity of the journal is due to its hypergeneric characteristic. The didactic intervention cooperates with the openness of the genre because of two of its criterions: the student's decision to participate or not in the intervention; the freedom to utter by writing. This set of circumstances leads to believe that authorship in reading journals, besides the control of the text, is also constituted by the occurrence of stylistic tendencies and by the formation of different types of discursive ethos. The two aspects seems to be less marked in other genres produced in conventional school circumstances. In the present study, ethos and style are the categories analyzed under discursive perspective. In summary, ethos is taken as the formation of an author's image and style as a way for the discourse to “say itself” or a way for the author to say the discourse. In discourse analysis, the general guidance for analysis is trying to understand the discourse by studying the traces left in its textual materiality. In this research, the entry into textual materiality occurs by observing the stylistic authors’ tendencies in the journals. The analysis of style in its discursive functioning cooperates to the understanding of the ethos. This, in turn, helps to outline some discursive affiliations. In the two journals analyzed, each of these aspects of language - style, ethos and discursive affiliations - are constituted of some utterances not authorized in the school institution.
O presente estudo aborda os processos de interpretação e autoria em diários de leituras produzidos por estudantes do Ensino Médio Integrado do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS). Os diários foram elaborados por duas turmas de segundo ano do Instituto durante intervenção didática, incluída como item do planejamento para a disciplina Língua Portuguesa. Do material produzido, foram selecionados dois diários de leituras para serem analisados. Os processos interpretativo e autoral desses enunciados são examinados sob perspectiva discursiva, que envolve os postulados acerca do discurso, da interpretação, da autoria e da memória, em análise do discurso, do modo como estão desenvolvidos em Possenti (2009, 2013), Furlanetto (2008, 2010, 2011, 2014, 2015) Orlandi (2006 [1983], 2007a, 2007b, 2008 [1988), 2012) Pêcheux (2009 [1975], 2015[1983], 1999 [1983]) e Maingueneau (2004, 2006, 2008a, 2008b [1995], 2010, 2015a). As concepções sobre estilo em Possenti (2008 [1988]), e as noções desenvolvidas por Maingueneau sobre ethos discursivo (2006, 2008a, 2010, 2015b, 2016b, 2018 [2005]) compreendem, também, aspectos centrais da pesquisa. Ademais, realizam-se algumas articulações interdisciplinares, sobretudo com noções do Círculo de Bakhtin (1986 [1929], 1987 [1965], 2010[1979], 2013 [1940-1945]), cujas concepções sobre gênero, estilo e autor integram a fundamentação. Na pesquisa, busca-se compreender como se constituem, nos dois diários de leituras, os gestos de autoria de seus sujeitos. Suscita-se a hipótese de que uma das características desse gênero é a abertura à heterogeneidade enunciativo-discursiva. O diário, então, parece oferecer a possibilidade de materializar enunciados que, de forma geral, ficam à margem da ordem do discurso pedagógico em sua configuração específica, a qual se denomina, neste trabalho, ensino convencional de linguagem. A plasticidade discursiva do diário se alicerça sobre sua característica hipergenérica. A intervenção didática se alia ao gênero, uma vez definidos dois de seus critérios: a decisão do estudante de participar ou não da intervenção; o poder (de) dizer através da escrita. Esse conjunto de circunstâncias leva a crer que a autoria, nos diários, além de envolver o controle do texto, constitui-se também pela ocorrência de tendências estilísticas e pela formação de ethé discursivos. Esses dois aspectos se apresentariam menos marcados nos gêneros produzidos em situação escolar convencional. No presente estudo, são estes dois elementos, ethos e estilo, os que estão submetidos à analise discursiva. Sumariamente, observa-se o ethos como a formação de uma imagem de autor e o estilo como maneira de o discurso “se dizer”, ou maneira de o autor dizer o discurso. Em análise do discurso, a orientação de caráter geral para análise é tentar compreender o discurso a partir das pistas que deixa em sua materialidade textual. Nesta pesquisa, a entrada na materialidade textual ocorre pela observação das tendências estilísticas dos autores dos diários. A análise do estilo em seu funcionamento discursivo cria bases para a compreensão do ethos. Este, por sua vez, auxilia a delinear algumas filiações discursivas. Nos dois diários analisados, cada um desses aspectos de linguagem – estilo, ethos e filiações discursivas – se constituem de alguns enunciados não autorizados na instituição escolar.
O presente estudo aborda os processos de interpretação e autoria em diários de leituras produzidos por estudantes do Ensino Médio Integrado do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS). Os diários foram elaborados por duas turmas de segundo ano do Instituto durante intervenção didática, incluída como item do planejamento para a disciplina Língua Portuguesa. Do material produzido, foram selecionados dois diários de leituras para serem analisados. Os processos interpretativo e autoral desses enunciados são examinados sob perspectiva discursiva, que envolve os postulados acerca do discurso, da interpretação, da autoria e da memória, em análise do discurso, do modo como estão desenvolvidos em Possenti (2009, 2013), Furlanetto (2008, 2010, 2011, 2014, 2015) Orlandi (2006 [1983], 2007a, 2007b, 2008 [1988), 2012) Pêcheux (2009 [1975], 2015[1983], 1999 [1983]) e Maingueneau (2004, 2006, 2008a, 2008b [1995], 2010, 2015a). As concepções sobre estilo em Possenti (2008 [1988]), e as noções desenvolvidas por Maingueneau sobre ethos discursivo (2006, 2008a, 2010, 2015b, 2016b, 2018 [2005]) compreendem, também, aspectos centrais da pesquisa. Ademais, realizam-se algumas articulações interdisciplinares, sobretudo com noções do Círculo de Bakhtin (1986 [1929], 1987 [1965], 2010[1979], 2013 [1940-1945]), cujas concepções sobre gênero, estilo e autor integram a fundamentação. Na pesquisa, busca-se compreender como se constituem, nos dois diários de leituras, os gestos de autoria de seus sujeitos. Suscita-se a hipótese de que uma das características desse gênero é a abertura à heterogeneidade enunciativo-discursiva. O diário, então, parece oferecer a possibilidade de materializar enunciados que, de forma geral, ficam à margem da ordem do discurso pedagógico em sua configuração específica, a qual se denomina, neste trabalho, ensino convencional de linguagem. A plasticidade discursiva do diário se alicerça sobre sua característica hipergenérica. A intervenção didática se alia ao gênero, uma vez definidos dois de seus critérios: a decisão do estudante de participar ou não da intervenção; o poder (de) dizer através da escrita. Esse conjunto de circunstâncias leva a crer que a autoria, nos diários, além de envolver o controle do texto, constitui-se também pela ocorrência de tendências estilísticas e pela formação de ethé discursivos. Esses dois aspectos se apresentariam menos marcados nos gêneros produzidos em situação escolar convencional. No presente estudo, são estes dois elementos, ethos e estilo, os que estão submetidos à analise discursiva. Sumariamente, observa-se o ethos como a formação de uma imagem de autor e o estilo como maneira de o discurso “se dizer”, ou maneira de o autor dizer o discurso. Em análise do discurso, a orientação de caráter geral para análise é tentar compreender o discurso a partir das pistas que deixa em sua materialidade textual. Nesta pesquisa, a entrada na materialidade textual ocorre pela observação das tendências estilísticas dos autores dos diários. A análise do estilo em seu funcionamento discursivo cria bases para a compreensão do ethos. Este, por sua vez, auxilia a delinear algumas filiações discursivas. Nos dois diários analisados, cada um desses aspectos de linguagem – estilo, ethos e filiações discursivas – se constituem de alguns enunciados não autorizados na instituição escolar.
Palavras-chave
Discurso, Autoria, Ethos, Estilo, Ensino médio