Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

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Cemitérios verticais: uma nova perspectiva na integração de espaços de sepultamento, adensamento e ambiente urbano
(2024-04) LEITE , Estefânia de Oliveira
Os cemitérios refletem a relação que os vivos têm com a morte e os mortos, e como essa relação evolui ao longo do tempo. Através da arquitetura, dos monumentos e dos rituais funerários os cemitérios se tornam lugares onde a história é contada e a memória é preservada. No entanto, com o aumento da urbanização e a escassez de espaços disponíveis, os cemitérios urbanos estão enfrentando desafios na sua conservação e manutenção. Compreender e analisar possíveis impactos urbanísticos de cemitérios e suas funcionalidades, como equipamentos urbanos e arquitetônicos, é essencial para evitar riscos socioambientais e à saúde. Assim, a presente pesquisa objetivou estudar bases teóricas, técnicas e legais relativas a espaços de sepultamento e seus possíveis impactos na qualidade de vida urbana. Fundamenta-se em uma abordagem quali-quantitativa e descritiva, e foi desenvolvida com base em estudos de casos, em especial do município de São Paulo, a partir de revisão bibliográfica da literatura, análise documental da legislação, projetos e arquivos históricos e de visitas técnicas para a observação investigativa e registros. Parte-se de uma análise da relação entre seres humanos e cemitérios, e da apresentação de um breve histórico das tipologias de sepultamento, incluindo reflexões sobre possíveis influências de pandemias em sua evolução. Também foram investigadas e discutidas a relação entre adensamento populacional e diferentes espaços cemiteriais, com foco na representação arquitetônica de grandes cidades e legislações, o papel de arquitetos e urbanistas no desenvolvimento desses espaços, bem como possíveis impactos de práticas funerárias no ambiente, na saúde, na vida social e cultura, e tipologias alternativas de sepultamento, como cemitérios verticais, enquanto possibilidades de minimizar efeitos ambientais negativos e, ao mesmo tempo, respeitar estruturas simbólicas. Considerando a importância da preservação dos valores históricos, sociais, culturais e ambientais dos espaços de sepultamento e da adoção de medidas sustentáveis para minimizar os impactos ambientais dos cemitérios, busca-se com essa pesquisa contribuir para o entendimento de impactos urbanísticos de espaços de sepultamento em grandes cidades.
Sistematização da experiência de reciclagem de plástico de uma cooperativa de catadores: Estudo de caso da Recifavela, São Paulo, SP.
(2024-03) GOUVEIA, Silvio Eugênio Nunes
Vivemos a Emergência Climática, e dentre suas principais causas está o aumento contínuo da emissão de Gases de Efeito Estufa na atmosfera. Sua crescente concentração é resultado do aumento da produção industrial e tem levado ao aumento da temperatura global e da frequência de eventos climáticos de intensidade extrema como as chuvas torrenciais que desabam sobre as cidades e expõem a fragilidade da estrutura socioambiental revelando, entre outros problemas, a urgência em reduzir o descarte inadequado de resíduos plásticos abandonados que literalmente “entopem” as cidades. A questão da poluição ambiental e da degradação sanitária nos aglomerados urbanos se iniciou ao mesmo tempo que a Revolução Industrial, mas a inovação das embalagens plásticas descartáveis trouxe o impacto definitivo para a degradação do meio ambiente. Plásticos não se degradam e se acumulam por décadas nos aterros sanitários ou nos oceanos onde se fragmentam sob a ação da luz do Sol. Os resíduos plásticos são o maior problema de poluição ambiental da atualidade. Vivemos a era geológica do resíduo plástico presente desde o Himalaia até o fundo oceânico. De 1950 até 2015 foram produzidas 7.800 milhões de toneladas de plásticos: dessa produção 6.200 milhões de toneladas (79%) permanecem acumulados como resíduos em aterros ou no meio ambiente em geral. Para reduzir essa poluição é obrigatório que as sociedades adotem um novo comportamento não consumista: essa mudança do processo econômico é mandatória para preservar os recursos naturais, único dote que deixaremos para o futuro. A melhor solução praticada para reduzir o acúmulo de resíduos plásticos é a combinação da Coleta Seletiva, Triagem e Reciclagem. Mesmo assim, a disposição final dos plásticos será a acumulação em aterros sanitários, ou a incineração que troca uma poluição por outra. A Triagem que dá origem a reciclagem é realizada nas Cooperativas de Catadores por pessoas em situação de vulnerabilidade, com baixíssima autoestima, descrentes da esperança. Esse trabalho é sua única possibilidade de obter renda. Assim posto, a pergunta que orientou a pesquisa foi: como a triagem feita pelas Cooperativas de Catadores pode contribuir para enfrentar o problema da poluição dos resíduos plásticos? A pesquisa consistiu no estudo de caso da Recifavela, cooperativa de catadores da cidade de São Paulo. Trata-se de pesquisa qualitativa com entrevistas semiestruturadas para sistematizar a experiência da Recifavela e fazer uma interpretação crítica dos processos vividos para formular lições desse aprendizado. Ao final da Pesquisa apresentamos para a Recifavela um documento síntese do trabalho e fizemos o treinamento de toda a equipe de catadores na metodologia de organização de processos 5S. De modo similar ao citado por Manuela Carneiro da Cunha na introdução ao livro Formação Política do Agronegócio (CAIO POMPÉIA, 2021), este trabalho abre as portas para a exploração de interesses os mais heterogêneos, setoriais de diferentes ordens, institucionais variados, e incorporado por agentes de variados matizes políticos.
Fazendas Verticais Urbanas: Análise na perspectiva da Abordagem Nexo e da Sustentabilidade
(2024-03) TOLEDO, Lúcio Lorandi de
No cenário socioambiental global, desafios relacionados à dialética crescimento populacional, práticas de consumo e a oferta de recursos naturais, especialmente nos grandes centros urbanos, tornam-se mais evidentes quando o tema é a alimentação. As áreas agricultáveis, além de não acompanharem o ritmo desse crescimento, afastam-se cada vez mais dos centros consumidores devido, principalmente, aos processos de urbanização e à supressão da cobertura vegetal nativa dessas áreas. Alternativas para minimização desses impactos negativos devem passar por mudanças na sociedade, como na forma de pensar e agir e na cultura consumista. Além disso, novas tecnologias para a produção de alimentos, que minimizem o consumo de água e energia, se fazem urgentes. Nesta direção estão princípios da abordagem nexo água-energia-alimentos (AEA). A agricultura urbana verticalizada também se destaca, visando encurtar o ciclo produtivo e aproximar o produtor do consumidor. Essa pesquisa teve por objetivos estimar e analisar a viabilidade, bem como possíveis desafios na implementação de fazendas verticais urbanas (FVUs) na perspectiva da sustentabilidade e da abordagem nexo AEA. De forma específica objetivou: identificar FVUs implementadas em diferentes localidades e analisar possíveis contribuições da implementação deste tipo de produção no contexto da cidade de São Paulo; levantar dados sobre a produção de alimentos, consumo de água e energia em FVUs e analisá-los na perspectiva da abordagem nexo e da sustentabilidade; e verificar possíveis influências e impactos (positivos e negativos) de FVUs na pegada ecológica, biocapacidade, produção agrícola, mobilidade urbana e segurança alimentar. A pesquisa foi desenvolvida por estudo de caso, fundamentada em revisão da literatura, análise documental e pesquisa bibliográfica do tipo integrativa. As FVUs são estruturas dotadas de aparato tecnológico e que permitem a produção em várias camadas sobrepostas, de forma a maximizar a produção. As tecnologias mais utilizadas são fertirrigação por gotejamento, hidroponia e aeroponia, A iluminação pode ser natural, artificial ou mista. Podem ser implantadas em edificações preexistentes ou criadas para isso. Há também FVUs montadas em container. A cultura escolhida para levantamento de alguns dados de interesse foi o tomate de mesa, sendo analisados trabalhos que comparavam o desempenho e o impacto das FVUs em várias localidades, frente aos seus modelos atuais de produção e comparando-os ao modelo atual brasileiro em termos de produção, consumo energético e impactos ambientais. Os impactos positivos são a possível diminuição do tráfego de caminhões nos centros de distribuição e provenientes de outros municípios; a baixa geração de resíduos; FVUs sobre lajes de cobertura podem reduzir a emissão de gazes de efeito estufa (GEE); redução no uso de insumos agrícolas; diminuição de perdas por condições climáticas; alta produtividade por m²; aproximar o produtor do consumidor; e reaproveitar edifícios ociosos ou áreas ociosas em edifícios. Os impactos negativos são o alto custo inicial; FVUs de baixa tecnologia podem gerar alta quantidade de GEE; nem todas as culturas são apropriadas ou viáveis e, ainda, podem gerar processos de gentrificação em seu entorno. Sugere-se ampliar estudos sobre FVUs, incluindo a criação de uma FVU modelo para fins educacionais e de pesquisa acadêmica.
As dinâmicas do risco em comunidades urbanas ribeirinhas: o caso do Torresmo, São Paulo/ SP
(2024-02) SILVA, Bruna Almeida
Esta pesquisa aborda as dinâmicas locais da comunidade do Torresmo localizada em uma área de risco no perímetro de uma área de proteção permanente do Ribeirão do Lageado, região administrativa da Subprefeitura do Itaim Paulista, zona leste da cidade de São Paulo. Para a compreensão dessas dinâmicas, realizamos uma revisão bibliográfica sobre o risco e analisamos dois fatores interativos na produção do risco na área de estudo, a comunidade do Torresmo: as relações socioespaciais e as soluções implementadas pela gestão pública. Adotamos uma abordagem mista para esta pesquisa. Na abordagem qualitativa, aplicamos a metodologia de estudo de caso, incluindo revisão bibliográfica sobre as dimensões do risco, entrevistas abertas para compreender a percepção socioespacial dos moradores e visitas a campo para observar as dinâmicas socioespaciais. Na abordagem quantitativa, realizamos o levantamento e a análise dos processos da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (SIURB) de obras emergenciais relacionados ao córrego Lageado entre os anos de 2020 e 2022. O objetivo da pesquisa é compreender como a interação entre a rede de atores locais e os fatores ambientais e sociais presentes na comunidade diminuem ou aumentam o risco existente ali. Um aspecto que deve ser considerado é o controle social sobre a produção da cidade. Os mecanismos de gestão democrática da cidade ficam restritos ao debate sobre a regulação urbana e o Plano Diretor e, raramente, se aplicam às obras de infraestrutura que tanto afetam a vida das comunidades de baixa renda, seja pela falta de obras, ou pelo modo como são executadas, sem consulta e participação da população que será afetada ou contemplada. Na comunidade do Torresmo, as enchentes e a erosão das margens do córrego são identificadas como os principais riscos, resultando em perdas recorrentes para os residentes, mas há também a atuação de uma rede política, econômica e social contribuinte no risco. Esta pesquisa pretende-se expor as dinâmicas locais com um olhar mais carinhoso sobre a história dos moradores da comunidade do Torresmo.
Ambientes de trabalho em escritórios de médias e grandes empresas: configurações dos espaços na cidade de São Paulo durante e pós-pandemia de Covid 19, de março de 2020 a fevereiro de 2023.
(2023-06) AUGUSTO, Debora Regina Stange
O advento da Covid-19, que nos impôs a necessidade de distanciamento social a partir de março de 2020 no Brasil, alterou velozmente as maneiras de trabalhar, a localização e as configurações dos espaços de trabalho de escritório. Esta dissertação relata como os escritórios empresariais foram adaptados para atender às novas demandas, do início do lockdown, em março de 2020, passando pelo período de permanência dos escritórios fechados, parcial ou totalmente, à volta da ocupação dos espaços de escritório das empresas, se estendendo até o mês de fevereiro de 2023, no Brasil, na cidade de São Paulo. Contextualiza o assunto com um breve histórico sobre a criação, ocupação e alterações ocorridas nos escritórios para acompanhar as mudanças econômicas, administrativas, tecnológicas e normativas projetuais e legais ocorridas nos séculos XVIII, XIX, XX e XXI. Passa também pela descrição dos perfis dos atuais colaboradores de escritório aos quais o mercado tem se adaptado. Cita leis, normas e áreas de estudo que devem ser observadas para a criação e a manutenção dos ambientes de escritório. Traz um breve relato de como a pandemia de Covid-19 interferiu na sociedade e no trabalho, com foco em escritórios. Apresenta como Estudo de Caso o escritório de uma corporação com sede administrativa na cidade de São Paulo e fábrica em Guarulhos, que vivenciou todo o processo por quais passaram as empresas e a sociedade. A Securit é fabricante de mobiliário para empresas que possuem o perfil-foco deste estudo e acompanhou, analisou e apresentou soluções para atender às necessidades do mercado, o que proporcionou informações e material para ilustrar o histórico relatado nesta dissertação. Este trabalho apresenta também dados, relatos, exemplos e dicas de profissionais diversos que estudam e discutem trabalho em escritórios e seus espaços e prestam serviços na área de projetos e manutenção de edifícios e ambientes de escritório. Por fim, inclui o que se vislumbra para o século XXI sobre a realização das atividades laborais e como serão os espaços de escritórios no Brasil de acordo com ideias baseadas em relatos de profissionais das áreas de arquitetura, administração e sociologia, entre outros que atuam no setor-alvo desta pesquisa. Encerra com sugestões de áreas para aprofundamento, itens a serem observados ao projetar os ambientes de escritórios e ideias de novas soluções e produtos.
Proposta de descarte seletivo de resíduos sólidos urbanos (RSU) pós-consumo: experiências de São Caetano do Sul, São Paulo, Brasil e Luanda, capital e província de Angola
(2024-04) NAKAOKA, Flavio
A emergência climática figura como a principal questão ambiental da atualidade. O enfrentamento de seus efeitos, dentre outros aspectos, implica em mudanças na forma como a sociedade produz, consome e descarta seus bens. Nesse sentido, os resíduos sólidos urbanos pós-consumo colocam o consumidor como principal ator no processo do descarte seletivo e constitui um dos pilares da Política Nacional dos Resíduos Sólidos. A pesquisa teve por objetivos investigar o manejo e a gestão de resíduos sólidos urbanos pós-consumo, nos municípios de São Caetano do Sul, no estado de São Paulo, Brasil, e Luanda, capital e província de Angola, a fim de propor projeto de incentivo e promoção do descarte adequado e seletivo destes resíduos, por parte de consumidores. Trata-se do estudo de casos, de abordagem qualiquantitativa. Para a coleta de dados foi realizada revisão bibliográfica, levantamento e análise de dados secundários, análise documental e visitas de campo com observações investigativas do tipo não participante e participante, com uso de diário de campo. A análise dos dados se deu pela triangulação de métodos. São Caetano do Sul gasta com serviços de limpeza pública, transporte e disposição em aterro sanitário cerca de R$1,00 por habitante/dia e destina para reciclagem 22 gramas por habitante/dia, o que corresponde a um índice de reciclagem de 2,07%, quando relacionado com uma geração de 1,06 kg/habitante. Na capital de Angola, Luanda, com seus locais de descarte de resíduos peculiares, como ao ar livre e a queima, somado com a irregularidade na frequência de recolha de resíduos dispostos em contentores, coleta, anualmente, 14.254,56 toneladas de materiais recicláveis, o que corresponde a um índice de 1,89% em relação às 752.622 toneladas de geração de RSU indiferenciados. Considera-se que a implementação estratégica de soluções sistêmicas de gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) demanda a participação conjunta do poder público, da iniciativa privada e, principalmente, de diversos setores da sociedade civil. Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para reflexões sobre o tema, no tocante ao papel de cada ator e para políticas públicas relacionadas ao manejo e gestão de resíduos sólidos urbanos.
Indicadores de autonegligência e fatores de risco de violência em pessoas idosas
(2023-09-22) Ogassavara, Dante
Esta pesquisa trata da autonegligência, sendo entendida como a inabilidade do indivíduo manter um padrão de autocuidado em grau aceito socioculturalmente, com potencial de gerar consequências ruins para a saúde e bem-estar e até para a comunidade. Em convergência ao aumento da quantidade de idosos no Brasil, a autonegligência está incluída no grupo de condições vulneráveis cada vez mais frequentes, entretanto neste caso se tem o problema de não haver uma definição consensual e consequentemente dificuldades para se identificar a ocorrência da autonegligência. Desta forma esta pesquisa teve como objetivo avaliar indicadores de autonegligência em população idosa. Enquanto objetivos secundários verificou-se as possíveis correlações entre sintomatologia depressiva, prejuízo cognitivo, déficits de autocuidado e negligência. A amostra investigada apresentou baixo risco de vitimização por alguma modalidade de abuso, ausência de sintomatologia depressiva e funcionamento cognitivo preservado, não encontrando-se em autonegligência, de forma geral. Foram estabelecidas correlações entre as variáveis estudadas com a autonegligência, sendo correlações positivas com a presença de sintomas depressivos e risco de vitimização e de caráter negativo com o funcionamento cognitivo. Estes achados alinham-se com a literatura científica disponível de diferentes formas, havendo inter-relações entre os componentes dos elementos estudados. Ao dialogar com as contribuições previamente existentes, torna-se evidente a necessidade de refinar o arcabouço teórico acerca da autonegligência, com o intuito de compreender mais profundamente a natureza da autonegligência e os fatores de risco para seu estabelecimento.
Projetar arquitetura: um estudo de morfogênese digital
(2023-10-23) Campoy, Carlos Quedas
Interessa-se pelo ato de projetar Arquitetura, como a construção de um pensamento inventivo ou um trabalho em movimento, especificamente nos primeiros momentos em que partidos arquitetônicos e algumas estruturas começam a ser geradas. O computador é duplamente posicionado como um parceiro leve e ativo para a morfogênese digital (abordagem paramétrica digital para geração, derivação e estruturação de formas, neste último caso). Atém-se, teórica e conceitualmente, ao Design Thinking, de Bryan Lawson e de Nigel Cross, e ao Design Intelligence, de Michael Speaks, que, por sua vez, defende um meta-processo independente de prescrições, assim como modelos de programação, embora limitados, encapsulando e promovendo conhecimentos. Aborda-se este trabalho dentro do contexto brasileiro de projeto e acadêmico, que levanta uma questão central: devido à resistência cultural à aprendizagem, o aproveitamento de um potencial que os computadores têm a oferecer está aquém de uma realidade plausível. Aceitando que existe uma primeira demanda exigindo extrapolar essa condição, desenvolve-se uma primeira hipótese: é plausível empregar a modelagem indireta realizada pelas programações de modelos algorítmico-paramétricos no Grasshopper. Integram-se os Sistemas Generativos, a tecnologia BIM e a Prototipagem Rápida. Outras duas hipóteses decorrentes surgem: esse potencial plausível é mais interessante para os professores (arquitetos) do que para os estudantes; os modelos tendem a suavizar a barreira cultural de aprendizagem. O objetivo geral consiste na elaboração de uma metodologia de auxílio ao ato projetivo (inventivo). O objetivo específico é configurar uma dimensão metodológica operacional, embora esteja em uma relação de reciprocidade com outra conceitual, que tende a fundamentar a primeira. Inspira-se nos conceitos e em algumas operações desenvolvidas pelo arquiteto Greg Lynn, cujo trabalho nesses sentidos revela robustez desde a década de 1990. Desenvolve-se a tese de que a metodologia proposta, até em conjunto com desenhos analógicos, pode auxiliar os arquitetos e os estudantes brasileiros a construírem e a organizarem os seus pensamentos inventivos, sejam direcionados ao nascimento e à transformação de partidos arquitetônicos com algumas estruturas, ou para o próprio meta-processo. Todavia, procura-se entender em que medida e como esse auxílio pode acontecer. As validações das hipóteses e da tese demandam investigação específica, que se realiza por um laboratório de testes formado por alunos e professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu. A abordagem teórica e conceitual se desenvolve por meio de uma revisão bibliográfica e incorporação de interpretações locais. Para a aproximação empírica ao desenvolvimento das programações (o objeto da pesquisa) e para chegar aos estudos práticos, emprega-se a metodologia Design Science Research. Conclui-se que a sustentação da tese e as validações das hipóteses são fortemente dependentes de aspectos ambientais e principalmente pessoais, não exclusivamente condicionadas pela metodologia de projeto proposta. Contudo, contribui-se metodologicamente com uma, entre tantas outras possíveis construções do pensamento inventivo arquitetônico – ainda que parcialmente pela perspectiva das formas e do meta-processo. Ademais, proporciona-se uma alternativa plausível para auxiliar na elaboração de certos estudos preliminares.
Preservação e Sociedade: Novas abordagens sobre o patrimônio ambiental urbano do bairro da Penha em São Paulo
(2020-02) BELORTE, Barbara
O presente trabalho busca entender a utilização das redes sociais como um instrumento para conhecer a percepção do habitante sobre o patrimônio cultural, tendo como recorte espacial a região tombada do centro histórico do bairro da Penha em São Paulo. A pesquisa partiu da insatisfação pelos métodos de inventariação tradicionais adotados por técnicos de preservação do município que pouco se articulam com a sociedade, propondo novas abordagens para essa conjuntura. Fundamentando-se na premissa de que as novas tecnologias da informação e comunicação podem contribuir para esses estudos, tal como defendido pela Declaração de Quebec em 2008, a pesquisa buscou construir um instrumental através da rede social Facebook que possibilitou a interação com moradores e frequentadores da área. Entendendo a importância de se considerar as representações sociais sobre a região estudada, este trabalho também se amparou no conceito de patrimônio ambiental urbano defendido por Ulpiano Bezerra de Meneses desde a década de 1970 e sustentado pelo autor até hoje, mesmo não sendo a visão que predominou dentro das políticas urbanas. Busca-se contribuir para a leitura do patrimônio ambiental urbano penhense, investigando métodos que potencializem práticas de preservação que tenham como foco principal as pessoas.
A mulher como agente da pintura mural e o impacto na paisagem cidade de São Paulo
(2023-12) VERTICCHIO, Larissa Verticchio
A partir das premissas explicitadas acima, pretendemos explorar o papel da pintura mural enquanto manifestação de arte urbana, levando em conta suas alterações no espaço urbano, considerando-as como objeto de pesquisa, tendo em vista múltiplas percepções e experiências de cidade, considerando seus propósitos estéticos, os códigos de representações, a atribuição de valores e a perspectiva de fruição dos espaços urbanos, por diferentes grupos sociais, para tanto, utilizará como recorte espacial e temático 10 pinturas feitas em empenas no centro da cidade de São Paulo que foram concebidas e pintadas por 9 mulheres, inseridas no Projeto do Museu de Arte de Rua (MAR) idealizado e patrocinado pela Prefeitura Municipal e a Secretaria de Cultura ele pretende aprimorar a vocação da cidade para a produção de arte urbana e ampliar o impacto positivo da cultura e na identidade da cidade de São Paulo, estando presente nas cinco macro-regiões da cidade (norte, sul, leste oeste e centro). Após a revisão de literatura concentrada na fundamentação teórica relacionada ao estudo da Arte Urbana e de suas relações com a Paisagem, esta pesquisa se desdobrou na coleta de entrevistas com as 10 artistas escolhidas participantes do Projeto MAR, tendo como objetivo central do estudo a análise de como esses murais conferem identidade à paisagem, por meio do reconhecimento ou dissenso, e pela representatividade para diversos sujeitos e grupos sociais.
Perspectivas femininas e feministas: A construção de comuns urbanos nos movimentos de moradia na Zona Leste de São Paulo.
(2023-09-12) Silva, Nathalia de Oliva
No âmbito da luta por direito à cidade e à moradia, há o reconhecimento do papel central e organizativo desempenhado por mulheres, decorrente, principalmente, da necessidade de sobrevivência imposta pela estrutura social. O objetivo deste trabalho foi compreender a atuação dessas mulheres nos movimentos de luta por moradia enquanto sujeitos de resistência às diversas opressões a que são submetidas, a fim de reconhecer e evidenciar sua contribuição na construção de comuns urbanos enquanto processos contra-hegemônicos de produção da cidade. Nesse sentido, iniciativas coletivas foram investigadas com o intuito de incentivar a reflexão acerca de novos modos de planejamento da cidade, apoiados na autogestão, bem como a construção de narrativas autorreflexivas situadas num campo de disputas, em determinado contexto histórico político, as quais possibilitam diálogos que colaboram para o alargamento da emancipação feminina na luta pelo direito à cidade. Buscando um olhar aproximado sobre o tema, direcionou-se o enfoque para a Zona Leste de São Paulo – cujo papel nesse cenário é simbólico – visando a abordagem acerca de ações femininas e feministas vinculadas a movimentos de luta por moradia e o estudo de caso do “Mutirão Paulo Freire”, em que a presença feminina foi fundamental para o processo de autogestão. Os procedimentos metodológicos exploram leituras de autores do campo urbanístico interseccionados com estudos sobre comuns urbanos, gênero, raça e classe sob uma perspectiva feminista. Em concomitância com a revisão bibliográfica de fundamentação teórica, de documentação da gestão pública e da participação popular nos processos de produção de moradia popular nesse recorte geográfico selecionado, foram realizadas entrevistas com mulheres engajadas em mobilizações. Dentre os instrumentos de natureza participativa foram adotadas adaptações dos instrumentos “photovoice” e “grupo focal”, como forma de reconhecer (e mapear) discursos e representações que possam favorecer a compreensão de múltiplas cidades e diferentes formas de experienciá-las e apreendê-las, a partir do conceito de lugar de fala atrelado à noção de emancipação cidadã, por meio da pedagogia da práxis freiriana. Os resultados vão na direção de acessar um horizonte de possibilidades em ações propositivas, autogeridas, que buscam novas formas de produzir arquitetura e cidade, em concomitância com novas formas de cooperação e sociabilidade a partir das experiências apreendidas. Dessa forma, os saberes alcançados em ações como a do Mutirão Paulo Freire colaboram para a construção de modelos alternativos e com potencial transformador que vão de encontro às discriminações acometidas e colaboram com a construção de comuns urbanos, por meio de sua capacidade de mobilizar redes de colaboração social.
Análise arquitetônica pós-pandemia de edifício padrão Tipo C de creche do Proinfância implantado em Lagarto, SE
(2023-09-29) Fontes, Andrea dos Reis
A pandemia de Covid-19 trouxe mudanças no comportamento da sociedade, com a suspensão de várias atividades, entre elas o acesso das crianças às escolas. Este estudo tem como objetivo principal analisar os espaços da creche do Proinfância (Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil) para o atendimento ao conforto ambiental, dimensionamento e salubridade, considerando o conjunto de questões trazidas pela pandemia. Para alcançar esse intento, foram feitas análises do Projeto-padrão Tipo C do Proinfância e de um edifício implantado escolhido como estudo de caso: a Unidade Municipal de Educação Infantil Prof.ª Júlia Maria de Almeida Oliveira, na cidade de Lagarto, Sergipe. Os objetivos secundários são: analisar as especificidades da implantação do edifício padrão em Lagarto e analisar a condição de pós-ocupação após a pandemia de Covid-19. A abordagem metodológica do estudo é do tipo qualitativa, aplicada sobre documentos disponibilizados no site do Proinfância e complementada por estudo de caso, que faz uso de técnicas e procedimentos para alcançar os objetivos propostos. O estudo explora a metodologia de APO (Avaliação Pós-Ocupação) para o objeto de estudo, selecionando o universo de ferramentas a serem aplicadas. São elas: walkthrough, para a avaliação de desempenho do ambiente construído, obtendo dados junto aos usuários por meio de visita conduzida; entrevistas e questionários; dados obtidos e registrados em desenho, através de observação in loco feita pelo pesquisador. Além da análise do edifício e sua implantação, a pesquisa contempla o estudo do layout interno registrado no projeto padrão do Proinfância e a real utilização e adaptação dos espaços na creche visitada. O material coletado será sistematizado em fichas, comparando o projeto-padrão original com a situação encontrada no local e com as recomendações dos órgãos regulamentadores de saúde e educação para o retorno das aulas no pós-pandemia, com base no distanciamento social, ventilação, infraestrutura e recomendações sanitárias. Foram também aplicadas entrevistas estruturadas e direcionadas aos gestores da Secretaria de Educação do Município, com o intuito de coletar informações a respeito das orientações passadas às creches no período da pandemia e no pós-pandemia da COVID-19. Nas considerações finais, abordam-se os aspectos que se apresentaram nas fichas avaliativas, com apontamentos e sugestões de tópicos essenciais para a adequação do edifício da Unidade Escolar Prof.ª Júlia Maria de Almeida Oliveira, que poderão, em uma discussão ampliada no futuro, contribuir para a atualização do Projeto-padrão Tipo C do Programa Proinfância.
Espaços livres como catalisadores da qualificação entre porto e cidade em Santos, SP
(2023-10-20) Guimarães, Diego Costa Rozo
O contexto da pandemia coloca a necessidade de reconstrução da cidade e abre a oportunidade de sincronizar as demandas climáticas, ambientais, sociais, econômicas, e mesmo as de saúde pública, perante o enfrentamento da crise sanitária que nos compele a reorganizar a forma e a condição de vida urbana. O objeto de estudo é o espaço do bairro do Paquetá e suas adjacências dentro do contexto dicotômico estabelecido entre porto e cidade, no cenário da luta pelo direito à cidade democrática. Diante de tal conjuntura se estabelece como objetivo reconhecer pontos tangenciais, lugares que possibilitem a construção de uma nova tecitura urbana apoiada no sistema de espaços livres públicos e privados, estes, por sua vez, lidos e articulados como uma grande infraestrutura urbana estruturadora da paisagem e catalisadora da qualificação da convivência entre os interesses que se desenvolvem no espaço de acumulação do capital, área retroportuária e portuária do cais santista, e o espaço citadino de reprodução da vida cotidiana. Em um primeiro momento, a investigação se apoia em levantamento bibliográfico e cartográfico relativo à conformação e desenvolvimento do território que compõe a interface porto e cidade. Como ato subsequente, e ação investigativa, procura-se identificar os corredores e subáreas que se articulam sistemicamente com os espaços livres e conformam um sistema de movimentos. Como ação final, propõem-se a identificação de pontos tangenciais, locais que pronunciam a relação intrínseca entre a composição da paisagem, a forma urbana e a espacialidade da esfera pública, com intuito de desnudar o potencial latente de transformação de dada realidade socioespacial, aproximando porto e cidade, através da ativação de um sistema de espaços livres.
Imagem, fragmento e memória. Fotografias do Haiti após o terremoto.
(2021-12) Montrezol, Alyson Cardoso
O objetivo desta pesquisa é investigar, com uma abordagem ensaística, as áreas de fronteira entre a imaginação e a realidade no campo da fotografia. Por meio do processo de disposição de fragmentos a fim de recriar sentidos, busca-se estabelecer conexões entre a fotografia, a arquitetura e a memória. Indaga-se, dessa forma, possibilidades de representação da ancestralidade, do conceito de abrigo e da identificação das rupturas geradas a partir do terremoto de 2010 que devastou a região de Porto Príncipe, capital do Haiti. O processo metodológico escolhido para o desenvolvimento da pesquisa consiste na análise de imagens produzidas no Haiti entre os anos de 2010 e 2018 pelos fotógrafos Bruce Gilden, Cris Bierrenbach, Cristina de Middel, além das fotografias produzidas pelo autor da pesquisa no Haiti neste mesmo período. Os sobreviventes desta tragédia tiveram que repensar os espaços da cidade, ocupando habitações provisórias em meio aos escombros e desenvolvendo novas relações com os seus aparatos e suportes territoriais. A análise das obras busca uma reflexão sobre a fragilidade urbana e social, constituindo um conjunto de dados, sobrepostos à realidade, que auxiliam a ressignificação do território.
Cidade e preservação: a dimensão urbana do patrimônio cultural em Santo André
(2020-04-02) Farias, Larissa
Esta pesquisa busca responder à pergunta de quais são as visões de cidade e de patrimônio cultural em Santo André, na chamada Região do Grande ABC, região metropolitana de São Paulo, a partir da análise de três inventários realizados para a área central do município: o inventário realizado em 1998, por equipe coordenada pelo arquiteto Décio Tozzi; o inventário elaborado em 2006, que tinha em sua equipe nomes como Regina Prosperi Meyer e Marta Dora Grostein, professoras da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo; e o inventário realizado em 2009, que foi desenvolvido pelo corpo técnico do órgão de preservação do patrimônio municipal. Além disso, entendendo-se que o centro do município de Santo André é o lugar de formação inicial da cidade, que se desenvolveu a partir da indústria, pretende-se aqui identificar o que ainda resta da memória industrial, tendo como recorte espacial de estudo a Zona Especial de Interesse do Patrimônio da área central de Santo André (ZEIP – Centro). A problemática a ser enfrentada é a de que, apesar de terem sido realizados esses inventários, pouco da memória da cidade está reconhecida por meio de tombamento enquanto instrumento de reconhecimento de valor cultural. Procede-se, inicialmente, a um panorama das práticas de preservação do patrimônio cultural em esfera federal e no estado de São Paulo, a fim de compreender a ampliação do conceito de patrimônio cultural nas ações dos órgãos de preservação. Outros inventários são analisados por contribuírem para o debate do patrimônio cultural, como o Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia (IPAC), o Inventário Geral do Patrimônio Ambiental, Cultural e Urbano da Cidade de São Paulo (IGEPAC), e o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC). Em seguida, aborda-se o município de Santo André, contemplando sua história, políticas urbanas e de preservação do patrimônio cultural, para, então, serem descritos e analisados cada um dos inventários do município. A investigação dos inventários aponta para uma ampliação do conceito de patrimônio cultural, que vai desde a identificação de bens isolados de seu entorno, passa pela utilização de categorias como ciclos históricos, que excluem grupos sociais mais modestos da história da cidade, até chegar no conceito de paisagem cultural. Também verifica-se a apropriação do patrimônio cultural como bem de consumo cultural, a partir da presença do uso cultural nos bens preservados, em que se perde a dimensão do cotidiano e do trabalho. Percebe-se, também, a dificuldade na integração das ações de preservação do patrimônio cultural e de planejamento urbano, que não acontecem de forma conjunta e, assim, prejudicam a preservação e manutenção do centro urbano do município de Santo André, ressaltando a presença de bens remanescentes do período industrial do município, que não estão preservados por meio de tombamento.
A presença árabe na arquitetura Paulistana do século XX: Estudo a partir de exemplares tombados em São Paulo
(2023-06-12) Mazloum, Samia
A presença árabe na arquitetura paulistana representa a reafirmação de uma cultura milenar em ascensão no ocidente desde o século XIX. São Paulo cresceu sob a influência de diversas culturas, se tornando uma cidade eclética que exala uma multiplicidade arquitetônica. A capital foi a maior receptora de imigrantes por volta de 1880, podemos identificar a cultura árabe como responsável pelo surgimento e crescimento de muitos bairros em São Paulo, sendo estes compostos por edificações características do Oriente, exaltando muxarabis, arcos e colunas, revestimento em pedras, azulejos esmaltados e detalhes únicos. O objetivo desta dissertação é apontar a presença árabe na arquitetura de São Paulo com a presença de elementos construtivos inseridos no ambiente urbano em construções de valor patrimonial e cultural para a cidade. Para isso foi feito um estudo e análise, a partir de exemplares tombados por órgãos municipal e estadual de patrimônio, com a realização de um inventário temático dos exemplares existentes, para identificar como os elementos da arquitetura árabes ainda estão presentes. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e iconográfica para entender a presença da arquitetura árabe na cidade de São Paulo em edifícios tombados, sendo que a primeira, a pesquisa bibliográfica, recai na presença de imigrantes árabes em São Paulo e em sua contribuição para a urbanização da cidade. Para o inventário foi adotado um recorte temporal dos anos 1910 a 1930, auge da ascensão imigrante e do ecletismo na cidade de São Paulo. O reconhecimento da existência de tal presença é imprescindível para entender a história da cidade e da cultura, além dos valores patrimoniais paulistanos.
Permanências do S.A.R.A. Brasil: fragmentos de uma cidade de conjuntos
(2023-03-16) Pinheiro, Diego Petrini
A cidade de São Paulo mudou radicalmente suas feições ao longo dos últimos 90 anos. Os processos contemporâneos de transformação urbana no município contribuíram e vêm contribuindo para um apagamento das referências construídas no território, principalmente, daquelas comumente consideradas desprovidas de relevância histórica. As consequências desse fenômeno podem ser percebidas, na microescala, a partir da análise dos edifícios, lotes e das quadras urbanas, uma vez que são nessas estruturas que o ambiente urbano começa a ser forjado e, por consequência, transformado. O objetivo deste estudo é compreender e comparar quais as transformações ocorridas nos conjuntos em série construídos até 1930 em um recorte geográfico do centro expandido da cidade de São Paulo, bem como nos lotes e quadras nos quais estes conjuntos se inserem. A pesquisa ora apresentada, de caráter descritivo-explicativo, desenvolve o mapeamento dos conjuntos em série existentes nas 58 folhas na escala 1:1.000 do Mappa Topographico do Município de São Paulo (S.A.R.A. Brasil, 1930) - que retratam 34,1 km² da região central da cidade - e sua posterior comparação com registros cartográficos e fotográficos contemporâneos, de forma a entender as transformações desses conjuntos edificados e de seu entorno imediato ao longo dos anos. Foram localizados 4.867 conjuntos em série no total, dos quais optou-se por analisar de forma mais aprofundada 49 exemplares (cerca de 1% do total), através de fichas de identificação padronizadas. Ao final, concluiu-se que grande parte dos conjuntos selecionados sofreram descaracterizações tipológicas e morfológicas - desde simplificação dos ornamentos das fachadas, alterações de vãos, etc., até a construção de anexos espúrios e demolições - que os tornaram muitas vezes irreconhecíveis e desconexos de seus aspectos originais, apagando referenciais edificados da memória coletiva da cidade. Os lotes e quadras, por outro lado, através de processos de remembramento de lotes, igualmente sofreram descaracterizações, apresentando contemporaneamente apenas alguns elementos de sua morfologia primitiva. Por fim, ficou evidente que o território de outrora era provido de determinadas escalas, formas e qualidades espaciais que vêm, a cada dia, se tornando mais escassas na paisagem do município de São Paulo.
Caderno de resumos expandidos de pesquisas em arquitetura e urbanismo
(2022-12-01) Vázquez, Fernando Guillermo
Em 2022, o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu organizou o X Colóquio de Pesquisa e Desenvolvimento Científico, evento no qual foram apresentados trabalhos de pesquisa de todos os discentes do Programa, numa mostra do vigor científico do PGAUR. Desse colóquio resultou o Caderno de Resumos Expandidos, que estamos aqui encaminhando, com a finalidade de solicitar que seja incluído no repositório Runa, como uma forma de proporcionar os médios necessários para a ampla divulgação dos resultados do evento.
Degradação de área pública urbana: O caso do Parque Dom Pedro II, em São Paulo.
(2023-03-14) Xavier, Kamilla Almeida
A abordagem desta pesquisa sobre a degradação urbana da área pública do Parque Dom Pedro II, em São Paulo. Tem por objetivo verificar os principais fatores que coadjuvaram para a instauração do fenômeno de degradação, bem como, documentar o longo processo de transformação no objeto do estudo empírico. O método adotado para a investigação segue os passos dos estudos de morfologia urbana, e consiste em considerar o viés historiográfico, morfológico, político e social, apoiando-se na literatura especializada sobre o tema, no material documental proveniente dos acervos iconográficos e históricos da cidade, nas informações oriundas de fontes digitais e disponibilizadas pela prefeitura municipal. Apropriando-se da perspectiva da escala humana e urbana para análise das suas dinâmicas. Resultando no mapeamento do sítio e na concepção de levantamentos com a finalidade de registrar e analisar o panorama do processo de degradação do espaço verde de lazer paulistano. Constatando através de uma ótica multidisciplinar a influência das diferentes condicionantes sobre tal fenômeno, como, o crescimento vertiginoso que levou a modernização da urbe, as políticas urbanas que privilegiaram os meios de transporte público e privado em detrimento ao espaço verde e levaram a perda de grande parcela da vegetação, a construção de barreiras ocasionadas pelas políticas rodoviaristas e da implantação de grandes equipamentos como o metrô e o terminal de ônibus, e as demasiadas intervenções agenciadas no espaço que alteraram significativamente o seu caráter, promovendo assim, a compreensão das complexidades locais e os processos determinantes que incentivaram a degradação descaracterizando a área que, na atualidade, se encontra exclusa do sistema de parques urbanos, passando a ser uma rótula do sistema viário de conexão entre a zona Leste e o Centro, reduzido a uma área de passagem e conjunto de ações paliativas.
Espaços residuais no entorno das estações de metrô da cidade de São Paulo: um estudo comparado das Estações Santa Cruz e Eucaliptos da Linha 5-Lilás
(2023-02-14) Vicalvi, Bárbara Ramos Coutinho
A Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô é uma empresa pública, responsável pela gestão das linhas metroviárias da cidade. O meio de transporte metrô é um elemento estruturador da cidade; além desse caráter e da mobilidade urbana, as estações de metrô desempenham importante papel no cotidiano urbano, pois oferecem não só o serviço público de transporte, como também de comércios, serviços ou mesmo atividades culturais. A implantação de uma linha de metrô e suas estações causam uma série de impactos na cidade, entre eles a desapropriação de lotes que, posteriormente, se tornam espaços residuais. Como esses espaços surgem? Há tratamento adequado para eles? Qual seria o ganho de capital para a empresa Metrô, ou o ganho social para a cidade de uma ocupação adequada dessas áreas? A pesquisa foi realizada em duas Estações da Linha 5 – lilás (L5): Santa Cruz e Eucaliptos. O objetivo é o de realizar uma análise comparativa das estações, à luz de como são tratados os espaços residuais da implantação das estações; somado ao potencial de ocupação de acordo com sua vocação. O estudo entre as estações foi realizado a partir do método comparado e toma como baliza a escolha de implantação, técnicas construtivas, adequações de instalações e a existência de espaços residuais nessas estações. Os dados para a realização da pesquisa foram obtidos junto à Biblioteca Neli Siqueira, mantida pelo Metrô. As estações são inauguradas com espaços residuais, seja por falta de projeto destinado à toda a área desparopriada, seja pela inadequação do projeto de implantação. É fundamental pensar tais espaços e como evitar sua ocorrência, especialmente em novas estações, com um melhor planejamento das desapropriações e a proposição de usos de acordo com o potencial de ocupação e sua inserção urbana.

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